terça-feira, 25 de novembro de 2008

Histórias de infância...

A infância sempre nos trás recordações... Meu amigo José Ayrton, o amigão, escreveu em seu blog um texto realmente emocionante. Recomendo.

www.turmadoamigao.blogspot.com

Não deixe de ler...

As possibilidades do corpo


Tenho falado pouco sobre Educação Física. Talvez por ela estar tão presente em meu dia-a-dia. Escrevi este texto já têm uns dez anos. Estava guardado. Nem sei porque...

Historicamente, sempre fomos levados a nos enxergarmos de forma dicotômica, ou seja, separando-nos em duas partes: corpo e mente.
Somos corpo – e num sentido integral, sem dualismo. Através do corpo expressamos nossa cultura. Pelo corpo nos relacionamos e entramos em contato com o outro. Com o corpo nos diferenciamos. Cada vez mais evidencia-se a necessidade de valorizarmos nossa corporeidade. Esta valorização não deve ser compreendida somente no tangente aos aspectos biológicos e fisiológicos, mas também aos sociológicos, psicológicos e culturais.
Para Santin (apud Gallardo, 1998, p. 28) “O que revela a grandiosidade do corpo é percebê-lo como a própria existência do homem no mundo.(...)” Não devemos pensar em corpo como em uma máquina. O corpo-objeto. Pensemos de maneira a transcender esta visão arraigada de estigmas impostos por uma sociedade que por muitos anos valorizou somente os aspectos relacionados a mente. Pensemos no corpo-sujeito. Não devemos manifestar apenas os aspectos relacionados à saúde e à padrões estéticos, e sim em todas as possibilidades que nos são oferecidas através da nossa relação com o corpo no mundo.
Lanço um primeiro desafio: Paremos por um segundo e pensemos sobre estas diversas possibilidades. Quais são elas? Agora, faça a mesma coisa, mas utilizando o corpo para tentar encontrar as respostas. Experimente. Vivencie.
Em Imagens da educação no corpo, Soares (1998, p. 17), nos diz que “Os silêncios contidos nos gestos esboçam imagens que devem ser internalizadas em posições e comportamentos.” Do dicionário: Gesto - movimento corporal para se comunicar com outrem; mímica; Ação; Ato; Atitude. Através do corpo estamos em constante comunicação. Mas será que nos damos conta disto? Cada um de nós temos maneiras diferentes de nos expressarmos. A nossa linguagem corporal é intrínseca à nossa cultura e esta é adquirida através de vivências. Todos nós utilizamos desta linguagem a todo momento e dificilmente somos compreendidos. Ou pior, somos mal interpretados. Você já tentou interpretar a linguagem corporal a qual estamos em contato diariamente?
Lanço agora, um segundo desafio: Procure observar qual a linguagem falada pelas pessoas através do seu corpo. Fique atento nos locais mais diversos possíveis. Em casa, no trabalho, no metrô, na escola, etc... Não faça apenas uma vez. Torne esta prática um hábito.
É preciso conhecermos o nosso corpo. Mas, também é fundamental que nos percebemos enquanto corpo. É imprescindível que tomemos consciência do nosso corpo.



REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Freire, J. B. (1994). Dimensões do corpo e da alma. In E. H. M. Dantas (Orgs.) Pensando o corpo e o movimento. (pp. 31 – 45) São Paulo: Shape.
Gallardo, J. S. P. (1998). A criança em movimento. São Paulo: FTD.
Soares, C. (1998). Imagens da educação no corpo. Campinas, SP: Autores Associados.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Há tempos...


"E há tempos
Nem os santos têm ao certo
A medida da maldade
E há tempos são os jovens
Que adoecem
E há tempos
O encanto está ausente
E há ferrugem nos sorrisos
Só o acaso estende os braços
A quem procura
Abrigo e proteção..."
(Renato Russo)

sábado, 8 de novembro de 2008

O que esperar?

Henry Miller escreveu que: “Nunca a condição da humanidade no seu conjunto foi tão ignóbil como hoje. Estamos todos ligados uns aos outros por uma igniminiosa relação de senhor e servo; todos presos no mesmo círculo vicioso entre julgar e ser julgado; todos empenhados em destruir-nos mutuamente quando não conseguimos impor a nossa vontade. Em vez de sentirmos respeito, tolerância, bondade e consideração, para já não falar em amor, uns pelos outros, olhamo-nos com medo, suspeita, ódio, inveja, rivalidade e malevolência. O nosso mundo assenta na falsidade. Seja qual for a direção em que nos aventuremos, a esfera de atividade humana em que nos embrenhemos, não encontramos senão enganos, fraudes, dissimulação e hipocrisia... O homem que confessa os seus pecados, os seus crimes ou os seus erros nunca é o mesmo que os cometeu.”
O texto, da obra "O Mundo do Sexo”, foi escrito em 1941. Dá para imaginar? Será que estamos mesmo evoluindo? Já se passaram setenta anos! Aposto que leu o texto acima e estava concordando que realmente hoje, a condição da humanidade se apresenta desta forma. Setenta anos! Não quero parecer pessimista. Juro que não era minha intenção. Mas, o que devemos esperar?

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Que o mundo mude...


Cirurgia de lipoaspiração?

Pelo amor de Deus, eu não quero usar nada nem ninguém, nem falar do que não sei, nem procurar culpados, nem acusar, nem apontar pessoas, mas ninguém está percebendo que toda essa busca insana pela estética ideal é muito menos lipo-as e muito mais piração?
Uma coisa é saúde outra obsessão. O mundo pirou, enlouqueceu. Hoje, Deus á a auto-imagem. Religião, é dieta. Fé, só na estética. Ritual é malhação.
Amor é cafona, sinceridade é careta, pudor é ridículo, sentimento é bobagem.
Gordura é pecado mortal. Ruga é contravenção. Roubar pode, envelhecer, não. Estria é caso de polícia. Celulite é falta de educação. Filho da puta bem sucedido é exemplo de sucesso.
A máxima moderna é uma só: pagando bem, que mal tem?
A sociedade consumidora, a que tem dinheiro, a que produz, não pensa em mais nada além da imagem, estética, medidas, beleza. Nada mais importa. Não importam os sentimentos, não importa a cultura, a sabedoria, o relacionamento, a amizade, a ajuda, nada mais importa.
Não importa o outro, o coletivo. Jovens não têm mais fé, nem idealismo, nem posição política. Adultos perdem o senso em busca da juventude fabricada.
Ok, eu também quero me sentir bem, quero caber nas roupas, quero ficar legal, quero caminhar, correr, viver muito, ter uma aparência legal mas...
Uma sociedade de adolescentes anaoréxicas e bulímicas, de jovens lipoaspirados, turbinados, aos vinte anos não é natural. Não é, não pode ser. Que as pessoas discutam o assunto. Que alguém acorde. Que o mundo mude.
Que eu me acalme. Que o amor sobreviva.

(Herbert Vianna)

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Incrédulo...

Estou indignado; mais uma vez. Refiro-me ao caso do seqüestro ocorrido em Santo André.
Será que existe mesmo um país como este? Pessoas como essa?
Será que existe mesmo uma polícia tão despreparada?
Será que devemos perder a esperança na humanidade? Ou a humanidade já está perdida?
Quando mais perto do futuro estou, mais tenho saudades do passado... será que sou só eu?

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Segundos de reflexão...


Proponho um minuto de reflexão. Está bem... Um minuto é muito. Alguns segundos então...
Henry Miller escreveu em Primavera Negra: “Quando cada coisa é vivida até o fim não há morte e não há remorsos, nem há uma primavera falsa; cada momento vivido abre um horizonte maior e mais largo do qual não há como fugir senão vivendo”.
Alguém pode contrariar?

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Não precisa se desculpar - por Greg Gutfeld


A seguir 27 coisas pelas quais um homem nunca deve ter remorso. Portanto, não se desculpe por...
1- Ficar em casa vendo TV num dia de sol.
2- Trabalhar duro e até tarde.
3- Urinar num muro.
4- Não telefonar.
5- Envelhecer.
6- Nunca ficar sério
7- Ficar bêbado em churrasco.
8- Ser brasileiro.
9- Aumentar o volume do som durante o solo de guitarra.
10- Sair cedo do trabalho.
11- Seu salário.
12- Escapar de exercícios motivacionais.
13- Pôr os pés em cima da mesa.
14- Criar um ambiente “impenetrável” no banheiro.
15- Simplesmente não querer falar com alguém.
16- Ter uma genitália anormalmente grande... ou pequena demais.
17- Perder o controle quando está com a razão.
18- Rir do tombo de alguém.
19- Sair com uma mulher feia.
20- Cair derrubado no sofá.
21- Tomar um drinque.
22- Tomar dois drinques.
23- Tomar... ok, você já entendeu.
24- Não saber quando pedir desculpas.
25- Não fazer a barba.
26- Ser perna-de-pau no futebol.
27- Soltar gases.

O texto acima foi resumido da matéria “Não precisa se desculpar!”, de Greg Gutfeld, publicado na revista Men’s Health de setembro de 2008. No texto original foram listadas 83 coisas pelas quais um homem nunca deve ter remorso.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Brasil: Potência esportiva


Demorei um pouco para escrever sobre a Paraolimpíada 2008. Um pouco não. Muito. Ela acabou hoje. O Brasil conquistou 47 medalhas: 16 de ouro, 14 de prata e 17 de bronze. Terminou sua participação em nono lugar. Acredite, tratando-se de esporte paraolímpico somos uma potência mundial.
Mas será que alguém poderia me explicar como? Entre uma conquista e outra ficava tentando achar a resposta. Não consegui. A colocação brasileira na Olimpíada é claramente um reflexo da política e cultura esportiva do país. Fácil explicar. Mas existe uma política esportiva para o esporte paraolímpico? Duvido. No Brasil o portador de deficiência,nem mesmo é respeitado como cidadão. Poderia citar inúmeros exemplos e razões, mas acredito não ser necessário. Pense por apenas um segundo e entenderá o que quero dizer.
Mais uma vez vou citar a frase clichê, mas acredito ser o mais perto que chegarei da verdade. No Brasil, os atletas paraolímpicos são brasileiros e não desistem nunca...

Alguns nomes deveriam entrar para a história. Mas infelizmente, no Brasil, atletas paraolímpicos também são discriminados. Pergunte por aí se alguém sabe quem é Daniel Dias? Daniel conquistou nove medalhas, sendo quatro delas de ouro, subiu ao pódio em todas as provas que disputou, bateu três recordes mundiais e um paraolímpico. Tudo isso em sua primeira participação nos jogos. Mas por aqui a discriminação alcança até mesmo quem conseguiu ser herói por duas vezes na vida. Barreira essa, difícil de ser superada.
Clodoaldo Silva (alguém sabe o que fizeram com ele?), Lucas Prado (três medalhas de ouro), André Brasil, Terezinha Guilhermina, Fabiana Sugimori, Edênia Garcia, Phelipe Rodrigues, Karla Cardoso, Deanne Silva, Dirceu Pinto, Eliseu Santos, Luiz Algacir Silva, Welder Knaf são apenas alguns nomes. E o que dizer de Antonio Tenório? O judoca da categoria 100 kg, conquistou sua quarta medalha de ouro. Pois é... Tenório foi campeão em Atlanta (96), Sidney (2000) e Atenas (2004). Agora, em Pequim, venceu todas suas lutas por ippon. Você ouviu falar do feito em algum lugar?

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

U2 3D


Quando ouvia falar de cinema 3D, a imagem que primeiro me ocorria era daqueles óculos de papelão que na minha lembrança não faziam a menor diferença no filme.
Fui assistir U2 3D. Ao entrar me deram um óculos que em nada lembravam aqueles. Muito pelo contrário. Melhor ainda foi quando o filme começou. Como escreveu O Estadão: "A estréia de U2 3D nos cinemas é um verdadeiro marco para a indústria do entretenimento. No filme/show de uma hora e meia, é possível ser atingido por uma chuva de água vinda do público, sentir o suor de Bono enquanto ele canta Sometimes You Can't Make It On Your Own e observar de perto a interação entre os quatro integrantes do U2 em cima do palco. Isso tudo sentado, sem aperto ou qualquer imprevisibilidade climática."

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Antes de partir


Pode parecer mais uma história clichê de Hollywood. Talvez seja. Mas mesmo assim acho que Antes de partir precisa ser visto. Não só pelas excepcionais, como sempre, atuações de Jack Nicholson e Morgan Freeman ou pelos diálogos primorosos do filme. Antes de partir nos faz pensar em nossas vidas. Acredito que essa seja mesmo a proposta do filme.
O diálogo realizado no alto de uma das pirâmides do Egito é memorável. E certamente espero um dia poder responder sim às duas perguntas que ali são feitas...

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Povo de São Benedito!!!


Desculpe, mas apenas os familiares compreenderão o título. Começou o horário político gratuito na televisão. Só faltava ter que pagar! Será que os políticos gravam novos programas? Acho que não. Tenho a impressão que são sempre os mesmos políticos fazendo as mesmas promessas. Tá certo, não é impressão. Gostaria de encontrar respostas para algumas perguntas. Se alguém puder me ajudar...
1- Se são sempre os mesmos e com as mesmas promessas, quem venceu as eleições anteriores? Porque se já passaram por lá as antigas promessas não deveriam ser refeitas. ou não?
2- Será que merecemos os políticos que temos? Tá bom, não precisa responder...
3- Quem é Zé do Taxi?
4- Alguém já viu o filho do Enéas? O pior que é capaz de funcionar...
5- Se o Maluf disse: "Se o Pita não for um bom prefeito, nunca mais precisa votar em mim." Por que ale ainda se candidata?
6- Vale a pena perder tempo com este assunto? Tá bom, já parei!

sábado, 23 de agosto de 2008

A conquista do ouro


A seleção feminina de vôlei é Campeã Olímpica. Sempre ouvi dizer que não é possível mudar o passado. Talvez não. Mas as meninas do Brasil mostraram que é possível reescrevê-lo.
Durante quatro anos elas carregaram nos ombros o peso de uma derrota. Perderam o jogo, mas jamais perderam o sonho. Fizeram daquela derrota apenas um tropeço no meio do caminho.
Talvez, esta medalha pertença também a várias outras atletas que muito antes trilharam este caminho. Portanto não são apenas doze Campeãs Olímpicas. A Seleção Brasileira Feminina de Vôlei é Campeã Olímpica.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

O centímetro de Maurren


Maurren Higga Maggi. Brasileira. Sim, brasileira! Campeã Olímpica no salto em dificuldades, ou melhor, salto em distância. É, distância. Um centímetro! Maurren sabe a distância deste centímetro.
Pode parecer clichê, mas a primeira atleta feminina da história a ganhar uma medalha de ouro Olímpica em uma modalidade individual é brasileira e não desiste nunca. No Brasil é assim, antes de ser campeão Olímpico, é preciso primeiro ser campeão na vida.
Maurren Higga Maggi pisou na tábua de impulsão, saltou e quando caiu na caixa de areia sua vida nunca mais seria a mesma.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

É preciso sonhar

Fernando Pessoa disse que o homem é do tamanho do seu sonho. Se pesquisassem entre os jogadores brasileiros de futebol quais seriam suas cinco prioridades a serem alcançadas como jogador, quantos responderiam entre as cinco principais metas ser campeão Olímpico?

sábado, 16 de agosto de 2008

Olímpico


Fazer esporte no Brasil não é fácil. A falta de uma política esportiva e principalmente de apoio, incentivo e valorização das aulas de Educação Física nas escolas brasileiras evidencia estas dificuldades.
Por isso entendemos as lágrimas de César Cielo. Entendemos a emoção de todos os integrantes da equipe de natação ao comemorarem juntos com Cielo. No Brasil, um campeão olímpico é um verdadeiro herói. César Cielo é um herói. Não superou apenas seus adversários na piscina, esta foi a parte fácil. Difícil foi como conseguiu chegar até ali. E o mais incrível: ele sabia. Agora vou ganhar a medalha de ouro disse em lágrimas ao ganhar o bronze dias antes. Claro, sabia que já havia superado o mais difícil. Ao contrário do que dizia Cazuza, meus heróis não morreram de overdose. Muito pelo contrário...

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Pontes

Um grande amigo casou. Na verdade, meu irmão. Nietzsche disse que “Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás para atravessar o rio da vida – ninguém, exceto tu, só tu”. Meu amigo construiu parte destas pontes. Existe ainda muito para construir antes que ele comece a caminhar em direção ao outro lado da margem. Mas ele está construindo suas pontes. É verdade que só ele pode construí-las mas, se ele precisar estarei pronto para dar umas marteladas. Um dia espero que ao olhar para trás ele possa ver, seguindo seu caminho, na ponte que construiu sua nova família. Filhos, netos e todos os seus sonhos...

quarta-feira, 28 de maio de 2008

O embrulho - Por Emerson Batista

Passava um pouco das onze horas da noite quando ele virou aquela esquina mal iluminada. Entrou em uma das ruas mais sombrias daquele canto da cidade, distante apenas algumas quadras do metrô. Apertou o passo, sabia que tinha menos de uma hora para chegar à estação antes do último trem partir. Já fazia algum tempo que tinha a estranha sensação de estar sendo seguido.
Àquela hora da noite não se via viva alma na rua, pois ali não era um bairro muito freqüentado e muito menos indicado para se andar sozinho. Olhou para frente e até onde a escuridão lhe permitia enxergar, não havia nenhum local no qual poderia se refugiar. Durante o dia a rua era invadida por uma multidão de gente deslocando-se para outros pontos da cidade ou de encontro ao comércio local, o qual, àquela hora mostrava suas portas fechadas como se dos dois lados da rua existisse uma interminável parede suja e sem brilho. Durante a noite sobrava apenas a sujeira como testemunha da movimentação que ali existiu, um contraste com aquele momento.
Aumentou o passo, queria acabar logo com tudo aquilo, não agüentava mais. Dentro do embrulho em suas mãos a razão de sair àquela hora da noite. Estava ali de chinelos, uma camisa já surrada do Corinthians e uma bermuda estampada verde e laranja. Não tivera tempo de trocar a roupa. Apesar da temperatura agradável sentia frio, causado mais pela inquietação que experimentava. Suas pernas começaram a tremer; não conseguia olhar para trás, seu coração parecia estar prestes a explodir.
O medo leva ao desespero e aquele homem estava desesperado. Primeiro pela necessidade do que tinha a fazer, não sabia se daria tempo. Depois, sentia o perigo se aproximando. Agora estava quase correndo e o chinelo dificultava os seus passos, ao longe já podia vislumbrar as luzes da estação.
Às onze horas e quarenta e nove minutos descia correndo as escadas de acesso à plataforma, nada aliviado, mas um pouco menos desesperado, lutava agora consigo mesmo. Entrou no vagão e permaneceu em pé à frente da porta, afinal era apenas uma estação. Começou a suar, estava bem próximo agora.
Após sair do Metrô e passar pelas duas ruas antecedentes à sua, correndo tanto quanto podia, virou a última esquina e já sem um dos chinelos parou em frente ao seu portão. Entrou. Passou pela sala derrubando a mesinha de centro. Naquele momento só pensava em uma coisa: o vaso sanitário. Do embrulho em suas mãos retirou o papel higiênico, mal teve tempo de se desfazer da bermuda verde e laranja.
Totalmente aliviado e nenhum pouco desesperado pensava, ainda sentado, se havia fechado as portas ao entrar, quando ao olhar para a janela à sua direita, com um sobressalto pode visualizar, um rolo de papel higiênico ainda intacto.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Falando Difícil

"O orifício circular corrugado, localizado na parte ínfero-lombar da região glútea de um indivíduo em alto grau etílico, deixa de estar em consonância com os ditames ao direito individual de propriedade."
TRADUÇÃO
___ de bêbado não tem dono

segunda-feira, 17 de março de 2008

Alento

Quando nada parece ajudar vou ver o cortador de pedra martelando sua rocha cem vezes, sem que nada aconteça...
Aí, na centésima primeira martelada a rocha se parte em duas...
Então eu sei que não foi aquela quem conseguiu...
Mas todas as que vieram antes...
(Jacob R.)

quarta-feira, 5 de março de 2008

Eu e a Sétima Arte

Falar sobre o cinema é fácil, mas não é simples. Podemos utilizar diversas abordagens e aí se encontra o perigo. Como este espaço destina-se à minhas reminiscências escreverei a respeito dos dez filmes que mais gosto e desta maneira tentarei abordar o que mais me fascina no cinema.
Não pretendo escrever uma sinopse sobre cada filme. Não é isto que nos interessa. Escreverei os motivos de eles estarem em tal lista.
Lawrence da Arábia. Aqui talvez me alongue um pouco. Não sem motivo. Para falar de Lawrence tenho que falar de David Lean. Lean é um diretor como poucos. Seus filmes são capazes de nos fazer sentir na pele os sentimentos vivenciados pelas personagens. Lawrence da Arábia é uma obra prima irretocável. Lawrence, estrelado pelo irlandês Peter O´Tolle, era antes de tudo um obstinado. Qualidade que já me atraí em qualquer personagem. A música de Maurice Jarré dispensa qualquer comentário. Mas aviso: o filme não é para qualquer um. São três horas e meia de filme que muitos acharão monótonos. Outros, como eu, ficarão fascinados.
Cinema Paradiso. O filme de Giuseppe Tornatore é pura poesia. E ainda embalada pela música de Ennio Morricone. Diga-se de passagem, belíssima. O filme nos toca de uma maneira singular. É preciso assisti-lo. E se irão ou não gostar, não terá a menor importância, pois Cinema Paradiso dará o seu recado.
Era uma vez na América. Um filme de gangster, contado de maneira poética. É possível? Não sei. Mas uma das cenas do filme é imortal no cinema (A cena pose ser vista aqui neste blog através do site You Tube). No filme, entre outras coisas, o que me atraí é a amizade. A amizade é uma coisa muito rara nos dias de hoje. Talvez, seja rara em qualquer tempo...
O Poderoso Chefão. Goste ou não o filme é considerado pela crítica como um dos melhores de todos os tempos. E não é para menos. Interessante observar as personalidades de cada personagem. Tirando a violência explícita, nada é muito diferente do que encontramos no dia-a-dia.
Um Sonho de Liberdade. Pouca gente sabe, mas o filme é baseado em um conto de Stephen King. Mas não se deixe enganar. O filme não é mais um clássico do suspense. O filme trás momentos belíssimos, diálogos primorosos. Nos ensina o real significado da palavra esperança.
O Resgate do Soldado Ryan. Steven Spielberg poderia ser suficiente para indicar o filme. Mas tem muito mais. A cena da invasão da Normandia ficará para sempre na história do cinema. Para os menos avisados, mostra de maneira escancarada os horrores da guerra. Mas o filme não é simplesmente sobre a guerra. Para mim, é de longe o melhor trabalho de Spielberg. E olha que não é fácil dizer isso.
Blade Runner. O filme virou um cult movie. Não é fácil escrever sobre este filme. Gosto muito dele e por razões difíceis de explicar. Gosto da maneira como ele é dirigido, das atuações,da música (Vangelis), da chuva, do ritmo, do humanismo e da falta dele. Adoro Ridley Scott. Adoro Blade Runner.
Vestígio do dia. Ao longo dos anos descobri que sou o único que gostou deste filme. Portanto proponha que se ainda não viu, veja e tire sua conclusão. Mas lembre, foi avisado, não pode reclamar. Se também gostar, vai entender meus motivos. Se não, não adianta explicaá-los.
Os Intocáveis. Mais um filme de gangster. Mais um filme sobre pessoas obstinadas. Talvez este seja o motivo dele estar nesta lista. Os outros, é só cinema.
Dersu Usala. Do Gênio Akira Kurosawa. Mais um filme que acho que fui o único que gostou. Ou pior, o único que assistiu. A menos claro que você seja um cinéfilo inveterado. A natureza humana é o elo principal do filme. E tudo que refere-se à natureza humana me atraí de maneira especial. Se encontrá-lo veja e me mande uma cópia.

terça-feira, 4 de março de 2008

Uma luz no fim do túnel...

Escrevo em especial para meu amigo José Ayrton de Souza. O amigão (http://turmadoamigao.blogspot.com). Em resposta ao meu texto "A chatice Nacional", ele escreveu que no meio de toda esta chatice que anda o futebol, o Flamengo ainda se salva. Diz ainda que serão campeões da Libertadores.
Concordo em parte com ele. Em parte! Realmente a torcida do mengo tem se diferenciado. Mas não posso dizer o mesmo da equipe do Flamengo. Com ou sem título da Libertadores, continuarei achando uma chatice ver o Flamengo (e todas as equipes do futebol brasileiro), jogando. Vamos dizer que uma das cinco equipes que disputam a Libertadores torne-se campeã. Quem será o craque que será imortalizado na memória do Torcedor? Outro dia um torcedor mandou um e-mail para um programa esportivo fazendo a seguinte indagação: Alguém consegue imaginar Zico, Sócrates, Falcão, Pelé, Didi, Nilton Santos, Ademir da Guia, Roberto Dinamite, Rivelino, etc... Fazendo um gol e comemorando com a dança do créu?? Eu não consegui imaginar!
Mas a fim de justificar o título desta postagem vou contar o que me aconteceu esta semana e concordando com o Amigão acho que a luz no fim do túnel pode mesmo estar nas torcidas. Se bem que, lembro sempre: uma luz no fim do túnel pode ser um trem vindo ao contrário!
Acabei a minha aula de Educação Física para uma turma de aproximadamente nove anos de idade. Como era a última aula do período, eles estavam prontos para ir embora e pedi que aguardassem na fila até a abertura do portão. Quando olhei na fila só estavam as meninas. Saí atrás dos garotos e escutei uma gritaria vindo do banheiro. Não tive dúvidas! Entrei dando bronca em todos eles. Entre uma bronca e outra, um deles resolveu se explicar:
- Professor! Eu explico! O Corinthians perdeu para o Palmeiras. Eu e ele somos Corinthianos e apostamos que vestiríamos a camisa do Palmeiras caso perdessemos. Pois é, viemos pagar a aposta...
Em primeiro lugar achei sensacional a maneira como eles, de muito bom humor, resolveram saldar a dívida. Depois, escolheram a hora certa para fazê-lo. Esperaram até que a aula tivesse terminado. Não houve confusão, nem bagunça e muito menos falta de respeito.
Para estes garotos, se o Valdivia comemorou ou não com “chororo”, se foi ou não penalti, se jogaram com três ou dois zagueiros não teve a menor importância. Que cresçam assim!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

A chatice Nacional

O futebol está muito chato. O jogo, os jogadores, a torcida, a mídia, os técnicos, a bola. Todos estão muito chatos. Eu sei, eu estou muito chato. Lembro quando era garoto das equipes aqui no Brasil. Sócrates, Zico, Reinaldo, Oscar, Leandro, Adílio, Andrade, Mário Sérgio, Renato; Todos estavam por aqui. Eram ídolos em suas equipes. Nos diversos programas sobre futebol, discutia-se sobre o jogo, as jogadas, os gols e os jogadores. O melhor jogador ganhava o Moto-rádio. Não se falava sobre as torcidas. As cores, os cantos, as bandeiras. Torcia-se. Ah! Já ia me esquecendo... Os juízes estão muito chatos. Juízes não, árbitro! Que chatice... Erro de arbitragem sempre existiu. Antigamente eles eram menos importantes que o jogo. Hoje é diferente. Novos tempos.
Este texto está muito chato. Ops! Acho que estou me adaptando ao futebol moderno. Mandarei meu currículo para alguns programas esportivos. Assim, poderei dar minha opinião se o Ronaldo voltará a ser o mesmo ou não. Mas não importa, o futebol continuará sendo a paixão nacional.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

O futebol intransitivo - por Luiz Paulo Baravelli

Somos todos arranjos provisórios de átomos de Segunda mão. Enquanto esse arranjo se mantém estável, devemos tentar algum sentido, neste estado tremelicante, que aqueles que vivem chamam de vida. Depois de todo esse profissionalismo, todas essas estrelas, todos esses milhões, penso no que, à falta de melhor nome chamo de futebol intransitivo.
Em um futebol sem bola, sem chuteiras, sem times, sem técnicos ou cartolas. Ele se define pelo que não é, pelo que não tem. É jogado no arredorzinho do apartamento, entre as carteiras de escola, no almoxarifado da firma. Não falo de futebol ruim ou amador.
Aquele joguinho fuleiro entre casados e solteiros tenta ser futebol, apesar de todos estarem conscientes de suas limitações. É muitos pontos abaixo disso (não abaixo, mas dentro, no fundo). O futebol de que falo tem a mesma relação com o de verdade como uma espiral de DNA se parece com Júnior Baiano.
O futebol intransitivo tem dois princípios: não há limites e não há adversários. Joga-se com tampinha de cerveja, bolinha de papel, caixa de chiclete vazia; os gols às vezes não há, às vezes há um ou vários e são de todos os tipos: cesto de papel virado, caixote vazio, a porta da loja. Joga-se sozinho, é claro, ou em dois, três, quantos quiserem; não há demarcação de campo nem de duração, marcam-se gols, mas não se contam direito; os times se rearranjam ao sabor das circunstâncias. “Tá bom, vai lá, Arnaldinho, o Tico vem para o nosso lado, a gente diminui o nosso gol, e vocês passam a atacar para o lado de cima da ladeira.”
E não é um privilégio dos jovens: o senhor aposentado, que devolve de trivela a bola que escapou de jogo de moleques, está em plena intransitividade. Nesse estado pré (ou pós) – verbal vale tudo – irradiar o jogo enquanto se joga, discutir se a bola entrou ou foi por cima de uma trave que não há; argumentar que foi falta, sim, porque doeu, e que é tácito o jogo ser interrompido e cada um ficar congelado até o carro passar. Não há regras, exceto uma: quem chuta longe vai buscar. Oh, reino do equilíbrio e da justiça. Oh, paraíso onde respira consciência. As meninas brincam mas as mulheres, não – já vêm com acesso instalado à epifania metafísica que todos queremos. O futebol intransitivo foi o meio que nós, pobres homens, inventamos para tentar chegar lá. Há meios mais trabalhosos – a religião pede sacrifício, a ciência pede estudo, as artes pedem talentos especiais, alguns bebem e tomam drogas, outros se entopem de dinheiro, mas a visão do Todo não vem por meio do esforço. Basta achar na rua uma caixinha de fósforos abandonada e um vãozinho qualquer que sirva de gol. Chuta-se. A bola imaginária sai rente ao verde gramado virtual e vai lá, no cantinho, indefensável. E faz-se a luz.

A vida ativa nas atividades da vida

Outro dia estava conversando com algumas alunas do Ensino Médio e uma delas me fez a seguinte indagação: Como a Educação Física pode ser importante na faculdade que eu pretendo cursar? Excelente pergunta. Respondê-la pode parecer simples. Muitos são os argumentos que podemos utilizar nesta tentativa. Difícil será convencer esta aluna a ponto de modificar seus hábitos regulares. Tornar a atividade física uma prática habitual em sua vida.
Seria mais fácil responder a pergunta se ela fosse formulada da seguinte maneira: Como a Educação Física pode ser importante na minha vida? Muitas vezes esquecemos que estamos na escola não somente pela necessidade de prestarmos um vestibular para entrarmos em uma Universidade. Os conhecimentos adquiridos na escola – e eles nem sempre estão relacionados a conceitos teóricos – nos serão úteis na nossa vida dentro e fora do âmbito escolar. Soares et alii (1993, p. 212)* nos diz que

“Temos que considerar que o conhecimento é um dos modos de apropriação do mundo pelo homem, apropriação esta que somente se torna possível mediante a atividade humana.”

A aluna, na sua indagação, está fazendo uma projeção desta disciplina e de sua importância em sua vida. Sua preocupação não é imediatista. Preocupa-lhe o futuro.
Sua dificuldade em encontrar respostas à suas dúvidas, segundo acredito, está na maneira como a Educação Física é perspectivada no contexto escolar. Querer compreender a importância da Educação Física para a sua formação profissional é um erro. Seria melhor pensar na relevância desta para a sua atuação profissional. Imaginemos por exemplo um médico, durante uma cirurgia com duração aproximada de seis a oito horas. Não gostaria de ser o paciente se ele não apresentasse uma condição física satisfatória para manter, com a precisão adequada, durante todo o tempo os movimentos necessários para a realização desta tarefa.
Não quero dizer com isto, muito pelo contrário, que a Educação Física na escola deva se preocupar apenas com a aptidão física dos alunos. Mas sim, possibilitar a eles ao longo do seu programa a oportunidade de entender a importância da prática regular de atividades físicas e fazer com que adquiriram o hábito de praticá-las ao longo de suas vidas.
A importância de adotarmos uma vida mais ativa não é nenhum segredo e isto ninguém discute. Nosso objetivo, com este artigo, não é relacionar os benefícios oferecidos à saúde através da prática de atividades físicas. Esta importância, está cada vez mais difundida na sociedade moderna (Ou você ainda tem dúvidas?). Apesar disto, Guedes (1994, p. 68)* afirma que vivemos

“(...) Em uma sociedade, onde uma significativa proporção de pessoas adultas contribuem substancialmente para o aumento das estatísticas de distúrbios orgânicos, provocados pelas doenças degenerativas, em conseqüência da falta de hábitos de vida saudáveis, principalmente no que se relaciona com a atividade motora (...).”

Objetivamos relacionar a Educação Física e a prática de exercícios com a realização satisfatória das exigências motoras solicitadas nas tarefas diárias. Estas tarefas associam-se não somente com uma determinada atuação profissional mas também nas pequenas solicitações do dia-a-dia. Amarrar um cadarço é um bom exemplo. Repare como as pessoas de idade avançada têm preferência por calçados sem cadarço. Veja quantas situações como esta, presentes na nossa vida, podem se tornar com o tempo mais complicadas e comumente encontradas. Isto pode ser evitado se assumirmos, desde cedo, hábitos de vida mais ativos.
Façamos agora uma pequena experiência: Pense na sua profissão (ou aquela que você deseja exercer). Quais são as exigências motoras (movimentos necessários) para sua prática se efetuar de maneira mais satisfatória? Reflita como a adoção de uma vida mais ativa poderá contribuir na sua atuação profissional e na melhora da sua qualidade de vida.
Se você concluir que poucas são as exigências motoras solicitadas no seu dia-a-dia, esta já é uma excelente razão para começar a praticar atividades físicas regularmente. Ou você tem dúvidas que vivendo uma vida na qual as exigências motoras são mínimas, muitos serão os distúrbios orgânicos adquiridos em conseqüência de uma vida tão sedentária?Concluímos que, muito provavelmente, os conceitos aprendidos durante as aulas de Educação Física pouco venham a contribuir na formação acadêmica dos alunos durante o curso de graduação. Terá uma grande contribuição no processo, pois muitas são as exigências motoras utilizadas no seu dia-a-dia como estudante. Mas sem dúvida, terão ainda um papel fundamental na medida em que os hábitos e conhecimentos adquiridos nestas aulas estarão presentes durante toda as sua vida. E assim, passam a ter grande relevância no processo escolar e podemos entender como a Educação Física pode ser importante na faculdade que pretendemos cursar e na manutenção da saúde e de uma melhor qualidade de vida em todas as fases da vida.

Referência Bibliográfica:

Soares, C. L., Taffarel, C. N. Z. & Escobar, M. O. (1993) Educação Física escolar na perspectiva do século XXI. In Educação Física e esportes - perspectivas para o século XXI. (pp 211-224)Campinas, SP: Papirus.

Guedes, D. P. (1994). Implementação de programas de Educação Física escolar direcionados à promoção da saúde. Revista Bras. Saúde esc., 3 (1- 4). P. 67 – 75.