sábado, 29 de janeiro de 2011

Releitura: Quatro passos atrás


Proponho uma releitura. O texto escrevi e postei aqui no blog em 13 de fevereiro de 2010 Por algumas razões, resolvi postá-lo novamente. Os amigos que já leram me desculpem; fica então, a proposta da releitura. Quem não conhecia, leia! Sem discrição...

"A minha consciência tem para mim
mais peso do que a opinião do mundo inteiro".
(Cícero)

Fugir. Fingir que nada acontece é sempre o caminho mais fácil. Nem sempre temos esta opção. Às vezes, não temos nenhuma. Dizem que o homem tem o livre arbítrio. Verdade. Somos responsáveis pelos nossos atos. Também seremos pelas consequências. Pode-se fugir dos fatos, mas não de nossa consciência. Culpar a falta de coragem, somente é possível quando temos uma segunda alternativa. Uma forma mais fácil de encarar as dificuldades. Fugir é a maneira menos dolorosa. Mais fácil. Dizer que nos falta coragem também. Quando não temos outra alternativa, encontramos a coragem necessária. Somos suficientemente fortes.
Ninguém precisa ser alertado. Não é preciso aviso. Ninguém precisa nos mostrar o caminho. Podem segurar a nossa mão. Podem caminhar ao nosso lado. Mas a iniciativa deverá ser nossa. De mais ninguém. O remorso também será. Ninguém poderá ajudar. Depois, só restará lamentar. Fingir que fizemos o que era possível. Não foi nossa culpa. Claro que não. O que é culpa?
Talvez seja assim, como afirmou Cícero. O que importa é a nossa consciência. Infelizmente nem sempre somos conscientes. Então, erramos. Errar talvez seja a única maneira de aprender. E para aprender, sofremos. No final, todos nós temos nossas culpas. Felizes aqueles que conseguem conviver com elas. O ser humano é assim. Sempre foi.
Em Todos os nomes, Saramago escreveu “que as vidas são como os quadros, precisaremos sempre de olhá-las quatro passos atrás, mesmo se um dia chegarmos a tocar-lhes a pele, a sentir-lhes o cheiro, a provar-lhes o gosto”. Quanta sabedoria em uma frase apenas. Nem sempre recuamos quatro passos. Ou apenas um. Já ajudaria. Para recuarmos precisamos admitir certa dúvida. Não estarmos convencidos. Um receio. Dificilmente assumimos não termos confiança. Nem todos são capazes. Somos egocêntricos. Então, egoístas. Alguns o são. Não são todos. Muitos já aprenderam, recuaram um pouco e agora podem ver melhor. Recuar estes passos não foi fácil. Foi preciso coragem.

Um comentário:

Fernanda disse...

oi Mé... Não me lembrava de ter lido este texto, muito bom! Realmente é preciso ter coragem para recuar seja por qual motivo for. É difícil, ainda mais quando precisamos admitir que, por vezes, também erramos... Estou nesta procura há algum tempo. Quanto mais o tempo passa, a experiência nos mostra o quanto é importante por vezes recuar alguns passos... Acredito que vai me fazer uma pessoa melhor... Confesso que ainda só estou conseguindo recuar um passinho aqui outro ali...rsrsrs... mas a vida é assim, leva-se tempo para aprender e entender tudo que ela tem para nos ensinar... Continue dispondo de coragem mas acima de tudo conserve a importância da consciência...
Beijão

Fe