quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A queda... de Albert Camus


A idéia veio de uma mania minha. Quem me conhece sabe que não apenas sou um leitor inveterado como também possuo muitos livros. Invariavelmente tenho como costume abrir um livro em uma página qualquer e ler o seu conteúdo. Não me pergunte a razão. Não existe nenhuma. Por motivos óbvios, adotarei sempre a página 72 de qualquer livro para transcrever seu conteúdo aqui no blog.. Talvez a idéia não seja das melhores, mas vamos ver para onde ela nos levará. Não escolherei o conteúdo. Pegarei um livro e abrirei na página 72. Simples assim. Vejamos o que acontece.

Do livro: A queda... de Albert Camus

“(...) Um cidadão-sol quanto ao orgulho, um bode de luxúria, um faraó de cólera, um rei de preguiça. Não matei ninguém? Ainda não, sem dúvida! Mas não deixei morrer criaturas dignas? Talvez. E esteja pronto a recomeçar. Enquanto aquele, olhem bem para ele, não recomeçará. Ainda está todo cheio de espanto por ter trabalhado tão bem.”
Este discurso perturbou um pouco meus jovens confrades. Ao cabo de um momento, resolveram que era melhor rir. Tranquilizaram-se completamente quando cheguei à minha conclusão, na qual invocava com eloquência a pessoa humana e seus direitos. O hábito, nesse dia, foi mais forte.

“(...) Como vê, não basta acusarmo-nos para sermos declarados inocentes, nesse caso eu seria um cordeiro imaculado. É preciso nos acusarmos de uma certa maneira, que me levou muito tempo para aperfeiçoar e que não descobri antes de me achar no mais completo abandono. Até então, o riso continuou a flutuar à minha volta, sem que meus esforços desordenados conseguissem tirar-lhe o que ele tinha de benevolente, de quase terno, e que me fazia mal.
Mas parece que a maré está subindo. O nosso barco não vai demorar a partir, o dia chega ao fim. Olhe, as pombas se juntam lá em cima. Elas se chegam umas de encontro às outras, mal se mexem, e a luz declina.” (p. 72)

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