sexta-feira, 27 de julho de 2012

Sei de alguém...



Sei de alguém que se perdeu no caminho e que acreditou em suas escolhas. Que não olhou para longe e, assim, deixou de ver a luz desses olhos e a vivacidade desse sorriso, injusta e caprichosamente escondidos nestes dias.

Conheço alguém que se iludiu com a falsa sabedoria da juventude e com a inebriante loucura das primeiras paixões. Sei de alguém que é prisioneiro das primeiras decisões. Que não soube conter-se. Que abraçou gostosamente o que achou e que soube, em parte, e por natureza das coisas, ser verdadeiro. Que fez tudo por amor.

Conheço alguém que acredita na vida. Na beleza da respiração e na perfeita sincronia do caos. Sei de alguém que torce pelo certo. Que se apega dolorosamente a um profundo conceito de lealdade.

Sei desse homem que simplesmente não sabia. Que não lhe esperava. Que não podia saber. E ele ora pelo que é certo e pede sempre uma cura para um coração afetado pela imagem de tantas fotografias.

Sei de alguém que não se duplica, mas reconhece e aceita o poder misterioso das profundezas humanas; e que se deixa saber que deseja, e que se diz não, com força e sobremaneira.

Sei de alguém que fala assim, misteriosamente, e que chora por não ter o direito de com simplicidade sobre todo o seu amor falar. E que se contenta com as artimanhas da vida, que se lhe fez uma, duas vezes pode tentar.

Sei de alguém. Conheço-o tão bem que lhe sinto as dores.

(Gooldemberg Saraiva)

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Eu sei, mas não devia - Marina Colasanti


"...A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma...  A gente se acostuma, mas não devia...".


       O texto do vídeo foi extraído do livro "Eu sei, mas não devia" de Marina Colasanti, Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1996, pág. 09. (Leia o texto)

terça-feira, 17 de julho de 2012

Oito minutos...



"A vida já é curta 
e nós a encurtamos ainda mais desperdiçando o tempo".
(Victor Hugo)

Assisti ao filme Tão Forte e Tão Perto (Extremely Loud & Incredibly Close, 2011), adaptação às telas do romance Extremamente Alto & Incrivelmente Perto de Jonathan Safran Foer. Não quero falar do filme. Não gostei. Mas, um comentário feito pelo garoto, protagonista do filme, me fez pensar...
“Se o Sol explodisse neste exato momento, nós não teríamos como saber disso por 8 minutos, porque este é o tempo que levaria para que a luz da explosão chegasse até nós. Por oito minutos, continuaríamos sendo aquecidos e iluminados por ele...”.
Desculpe, sei que vai me perguntar o que quero dizer com isso. Não tenho resposta para você. Então, nem pergunte. Os oitos minutos são seus. Seus! De mais ninguém. Eu; já tenho os meus. Apenas pense sobre isso...

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Matando leões...




"O campo da derrota não está povoado de fracassos, mas de homens que tombaram antes de vencer". 
(Abraham Lincoln)

Outro dia, tive o privilégio de fazer algo que adoro: fui almoçar com um amigo, hoje chegando perto de seus 70 anos. Gosto disso. 

São raras as chances que temos de escutar suas histórias e absorver um pouco 
de sabedoria das pessoas que já passaram por grandes experiências nesta vida. 
Depois de um almoço longo, no qual falamos bem pouco de negócios mas muito sobre a vida, ele me perguntou sobre meus negócios. Contei um pouco do que estava fazendo e, meio sem querer, disse a ele:



-"Pois é. Empresário, hoje, tem de matar um leão por dia". 

Sua resposta, rápida e afiada, foi: 

-"Não mate seu leão. Você deveria mesmo era cuidar dele". 

Fiquei surpreso com a resposta e ele provavelmente deve ter notado minha surpresa, pois me disse:

- "Deixe-me lhe contar uma história que quero compartilhar com você". 

Segue, mais ou menos, o que consegui lembrar da conversa: 
"Existe um ditado popular antigo que diz que temos de "matar um leão por dia". 


E por muitos anos, eu acreditei nisso, e acordava todos os dias querendo encontrar o tal leão. 
A vida foi passando e muitas vezes me vi repetindo essa frase. 
Quando cheguei aos 50 anos, meus negócios já tinham crescido e 
precisava trabalhar um pouco menos, mas sempre me lembrava do tal leão. 
Afinal, quem não se preocupa quando tem de matar um deles por dia?


Pois bem. Cheguei aos meus 60 e decidi que era hora de meus filhos começarem a tocar a firma. 
Mas qual não foi minha surpresa ao ver que nenhum dos três estava preparado! 
A cada desafio que enfrentavam, parecia que iam desmoronar emocionalmente. 
Para minha tristeza, tive de voltar à frente dos negócios, até conseguir contratar alguém, que hoje é nosso diretor-geral. 


Este "fracasso" me fez pensar muito. O que fiz de errado no meu plano de sucessão? 
Hoje, do alto dos meus quase 70 anos, eu tenho uma suspeita: a culpa foi do leão”. 
Novamente, eu fiz cara de surpreso. O que o leão tinha a ver com a história? 

Ele, olhando para o horizonte, como que tentando buscar um passado distante, me disse:

- "É. Pode ser que a culpa não seja cem por cento do leão, mas fica mais fácil justificar dessa forma. 

Porque, desde quando meus filhos eram pequenos, dei tudo para eles. 
Uma educação excelente, oportunidade de morar no exterior, estágio em empresas de amigos. 
Mas, ao dar tudo a eles, esqueci de dar um leão para cada, que era o mais importante. 



Meu jovem, aprendi que somos o resultado de nossos desafios...

(Autor desconhecido)