terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Parte 39 – Trigésimo nono contato


Você não sabe. Também não tenho a resposta. Como poderia? Aliás, que fique bem claro: o que menos possuo são respostas. A esta altura já deveria estar ciente.
Falar em felicidade é mais complicado do que parece. Não vou recorrer à filosofia. Você pode acreditar que sou um filósofo e consequentemente seria este seu destino. Estou gargalhando com a ideia. Asseguro-lhe não ser o caso.
Porém, confesso ficar tentado em enveredar pelo significado de eudaimonia ou ainda pelas teorias de Demócrito de Abdera. Vou conter-me. A felicidade está em cada dia. Simples assim. Sem muito mistério. Lembrei-me de um filme. Já sabe, não vou revelar. Trata-se de um filme extraordinário. Ao final, a personagem deixa uma lição importante ao dizer que “... no final, acho que aprendi a lição final das minhas viagens no tempo. A verdade é que não volto mais no tempo, nem por um dia. Tento viver cada dia como se eu tivesse voltado para esse dia para curti-lo como se fosse o dia final da minha extraordinária e simples vida. Todos nós viajamos juntos pelo tempo; todos os dias das nossas vidas. Só podemos fazer o nosso melhor para aproveitar este passeio surpreendente”. Como pôde ver, não é necessário recorrer à filosofia.
Para falar da felicidade poderia simplesmente recorrer à arte. Aprendi esta semana na aula de um grande amigo uma frase de Ferreira Gular: “A arte existe, porque a vida não basta”. Ótimo não é? Poderia então mostrar-lhe Le Moulin de La Gallete de Renoir. Não seria suficiente? Tocar-lhe I Solisti Veneti de Vivaldi? Por falar em música clássica, temos nossas recordações não é mesmo? E não seriam elas um bom exemplo? Será que poderia fazer o favor de guardar aquela fita? Então, verdadeiramente só podemos fazer o nosso melhor para aproveitar este passeio surpreendente...