domingo, 15 de setembro de 2013

Arché

 
“Apenas quando somos instruídos pela realidade é que podemos mudá-la”. (Bertolt Brecht)
 
Anaximandro acreditava que a realidade é eterna, infinita e indeterminada. Sem fronteiras. Arché. Antes de continuar; você deve estar se perguntando: quem é Anaximandro (610 e 547 a. C.)? Geógrafo, matemático, astrônomo, político e filósofo pré-socrático. Um filósofo! Você já devia ter imaginado. Onde eu estava? Ah sim! Para os filósofos, a arché é o princípio; a realidade fundamental, aquilo de que provêm todas as outras coisas; o gênesis. Mais filosofia. Eu sei. Paciência. Se ele estava ou não certo? Esse é outro problema.
A realidade fundamental! Então, o que é realidade? De acordo com o que li por ai, o cérebro é responsável pela nossa percepção do real. Resultado das informações advindas dos nossos sentidos. Alguns cientistas defendem a ideia de que nossa forma de ver o mundo deturpa os conceitos do que é real e do que não é. Para simplificar: ilusão. Começo a concordar com Shakespeare quando ele afirmou: “Choramos ao nascer porque chegamos a este imenso cenário de dementes”. A realidade parece ser confusa demais. Talvez seja verdade. Alguém arriscaria dizer o contrário? Está bem, se ninguém vai... Falo eu! Não há mistério. Não se iluda! Nunca. O real e o concreto estão aí; bem na nossa frente. O resto é desculpa. E o melhor que pode fazer por você é parar de se desculpar. Acredite. Tanta filosofia para duas linhas de conclusão. Com certeza, devo ser um dos dementes...
Para terminar citarei Fernando Pessoa. Não encontraria palavras melhores do que o poeta e escritor português: “O meu passado é tudo quanto não consegui ser...”. “A vida é para nós o que concebemos dela. Para o rústico cujo campo lhe é tudo, esse campo é um império. Para o César cujo império lhe ainda é pouco, esse império é um campo. O pobre possui um império; o grande possui um campo. Na verdade, não possuímos mais que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas veem, temos que fundamentar a realidade da nossa vida (...)”. Eu sei. Leia novamente. Arché.