segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Desde quando eu te conheci...


Sempre acreditei no poder das palavras. E parece óbvio, para quem acompanha estas reminiscência, que invariavelmente utilizo-me delas com diferentes finalidades. 
O texto postado aqui foi escrito por meu filho, hoje com doze anos, para expressar ao irmão que estava casando seu sentimento de despedida.
Com a ideia de escrever ao irmão veio o pedido para eu ler o texto no casamento. Não vou escrever sobre este momento. O importante agora são os sentimentos dele explícitos em suas palavras...


Eu Ficava pensando comigo mesmo, desde quando eu te conheci  Ne, O que eu seria sem você? Mas quando eu cheguei nos dias de hoje percebi a pessoa perfeita que você foi para mim. Aí eu comecei a pensar em todas as histórias que nós passamos juntos como: a cidade das lombadas, o primeiro jogo que você me levou no Pacaembu, a primeira vez que eu aprendi a andar de skate e a surfar... Com quem eu estava? Como você!
Todas essas histórias eu guardo no meu coração. Quando você se mudar eu vou sentir sua falta e essas lembranças matarão minha saudade. Você sempre fez passar das curvas difíceis e fez voltar para as retas fáceis.
Eu percebi que o que tem no nosso pai tem em você, o que tem em você tem no papai. Isso quer dizer que eu nunca irei te esquecer.
Às vezes as pessoas me perguntam se eu não vou me despedir. Mas nunca é um adeus. As pessoas dizem que só se vive uma vez, acho que por isso você é meu irmão, porque também é assim.
Os dias serão longos sem você e prometo que te direi tudo isso quando encontrá-lo novamente. Como fala no nosso filme, “Não depende de um quilômetro ou que você esteja do outro lado do mundo, a coisa mais importante da vida são as pessoas que estão nesta sala aqui e agora”.
Espero que continuemos nos divertindo como sempre e que você seja muito feliz. Queria que você soubesse apenas de uma coisa, que eu te amo.

SINHO

19/09/2015

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Parte 40 – Quadragésimo contato


Está confuso? Como sempre, cabe a você encontrar a resposta. Parece que no mundo cada um tem a sua verdade. Pelo menos neste mundo em que vivemos. Espere. Não devo falar assim. Estou rindo com a possibilidade de você acreditar que, com esta frase, tenho a intenção de revelar-lhe a descoberta da existência de outros mundos. Será? Bem, não foi minha intenção. Refiro-me a este mundo porque do jeito que estão as coisas, se aparecer outro mudo imediatamente. Não pense que tal vontade de abandonar o planeta é motivada por mudanças ocorridas do seu tempo para o meu. Não. Trata-se de percepção. Simples. Você não tem e hoje eu tenho. Outro dia perguntaram-me se não tinha saudade de dormir doze horas seguidas. Eu sei; você já não dorme mais tanto assim. A saudade não está relacionada à quantidade de horas dormidas. Gostaria mesmo é de poder dormir novamente aquele sono de criança. Ah! Você ainda é jovem. Talvez não entenda. Ainda não. Percepção.
Não quero confundi-lo. Vou parar com as divagações e retomar o assunto. Falava de verdades. Cada um, ao que parece, tem a sua. Como se fosse possível existir mais de uma. É possível? Boa pergunta. Enfim. Falando dessa maneira sou também mais um. O que são estas palavras além das minhas verdades? Minhas convicções também são as suas. Ou virão a ser um dia. Falar sobre verdades nos faz pensar em mentiras. O ser humano é assim: acredita nas próprias mentiras. Ou melhor, alguns são. O que realmente importa são nossas certezas. Já devo ter falado isso. Ou escrevi em algum lugar. Não lembro. O ser humano é realmente muito complicado. Não basta cada um ter a sua verdade. É preciso também acreditar nas próprias mentiras. Percebe como é complicado? Não. Para você tudo ainda é simples...


quinta-feira, 5 de março de 2015

Natureza Humana


Entrelinha poderia ser definida como o espaço entre duas linhas. Simples. Mas nada é simples. O sentido implícito. O que não foi escrito ou falado. Então, interpretamos. E, tratando-se de interpretação, cada um tem a sua. Assim, encontre-se nas entrelinhas...
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Ah! O dia a dia! Basta ficarmos sentados por alguns minutos observando. Não é necessário mais do que parcos minutos. E então, neste tempo infindável dedicado à contemplar o meu redor e o que por lá acontecia, lembrei de um fábula. Não importa em qual das sete teorias sobre a natureza humana você acredita ou se encaixa. A moral da fábula será sempre verdadeira...
Caminhavam por uma estrada um monge e seus discípulos. Ao passarem por uma ponte o monge notou um escorpião sendo arrastado pelas águas do rio. Correu pela margem, meteu-se na água e pegou o escorpião com a mão. Ao trazê-lo para fora do rio o escorpião o picou. Com a dor, acabou deixando-o cair novamente no rio. Foi então mais uma vez à margem, pegou um ramo de árvore e pulou no rio para salvar o bichinho.
Em seguida, juntou-se aos discípulos na estrada. Eles haviam assistido à cena e o receberam perplexos e penalizados. “Mestre, o Senhor deve estar muito doente! Por que foi salvar esse bicho ruim e venenoso? Que se afogasse! Seria um a menos! Veja como ele respondeu à sua ajuda: picou a mão que o salvava! Não merecia sua compaixão!”
O monge ouviu calmamente os discípulos e respondeu: “Ele agiu conforme sua natureza e eu de acordo com a minha”.

domingo, 1 de março de 2015

Culpa do Universo


A vida é sempre surpreendente. Todos nós temos um lado obscuro.  Do avesso. Aceitemos ou não. Nossa antítese. Amigos leitores, não se assustem. Apresento “A antítese” destas reminiscências. Nem tanto nas ideias, mas, principalmente na forma. Na maneira de escrever. Um pouco. Prometo. Só um pouco do meu lado obscuro...
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Primeiro não é nada. Mas você não sabe? O nada é tudo. Depois, é tudo. E então, o tudo já não é nada. Dane-se. Ninguém falou que era necessário entender. Ele tinha razão. “Se os fatos não se encaixam na teoria, modifique os fatos”. Ele quem? Einstein. Quem mais?
A verdade... Não há verdade. Nem mentiras. Não há nada. Nada? Então há tudo. Não importa. A decisão é sua. As escolhas também. Talvez, eu devesse seguir, também, os conselhos da Teoria do Medalhão[i]. Repousar na mediocridade e deixar os dias passarem. Fácil. Não. Não eu. Não conseguiria. Se o sangue congelar em minhas veias será por uma única razão: Puro equilíbrio. O contraposto. A antítese. Mas, este sou eu. Apenas eu.
Li, não recordo aonde, uma teoria na qual para a física setenta e três por cento do peso do Universo corresponde ao nada. Vinte e três por cento estão relacionados aos Buracos Negros. Então, não faça nada. Talvez seja a melhor maneira de fazer tudo. Vai saber. Da minha parte, ficarei com os quatro por cento correspondentes ao seu peso. Estou mesmo sempre com as minorias. Eu entendo. A culpa é da maioria. Fazer o que? Entendo, mas não concordo...



[i] Teoria do Medalhão – Conto de Machado de Assis.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Parte 39 – Trigésimo nono contato


Você não sabe. Também não tenho a resposta. Como poderia? Aliás, que fique bem claro: o que menos possuo são respostas. A esta altura já deveria estar ciente.
Falar em felicidade é mais complicado do que parece. Não vou recorrer à filosofia. Você pode acreditar que sou um filósofo e consequentemente seria este seu destino. Estou gargalhando com a ideia. Asseguro-lhe não ser o caso.
Porém, confesso ficar tentado em enveredar pelo significado de eudaimonia ou ainda pelas teorias de Demócrito de Abdera. Vou conter-me. A felicidade está em cada dia. Simples assim. Sem muito mistério. Lembrei-me de um filme. Já sabe, não vou revelar. Trata-se de um filme extraordinário. Ao final, a personagem deixa uma lição importante ao dizer que “... no final, acho que aprendi a lição final das minhas viagens no tempo. A verdade é que não volto mais no tempo, nem por um dia. Tento viver cada dia como se eu tivesse voltado para esse dia para curti-lo como se fosse o dia final da minha extraordinária e simples vida. Todos nós viajamos juntos pelo tempo; todos os dias das nossas vidas. Só podemos fazer o nosso melhor para aproveitar este passeio surpreendente”. Como pôde ver, não é necessário recorrer à filosofia.
Para falar da felicidade poderia simplesmente recorrer à arte. Aprendi esta semana na aula de um grande amigo uma frase de Ferreira Gular: “A arte existe, porque a vida não basta”. Ótimo não é? Poderia então mostrar-lhe Le Moulin de La Gallete de Renoir. Não seria suficiente? Tocar-lhe I Solisti Veneti de Vivaldi? Por falar em música clássica, temos nossas recordações não é mesmo? E não seriam elas um bom exemplo? Será que poderia fazer o favor de guardar aquela fita? Então, verdadeiramente só podemos fazer o nosso melhor para aproveitar este passeio surpreendente...