Sei
de alguém que se perdeu no caminho e que acreditou em suas escolhas. Que não
olhou para longe e, assim, deixou de ver a luz desses olhos e a vivacidade
desse sorriso, injusta e caprichosamente escondidos nestes dias.
Conheço
alguém que se iludiu com a falsa sabedoria da juventude e com a inebriante
loucura das primeiras paixões. Sei de alguém que é prisioneiro das primeiras
decisões. Que não soube conter-se. Que abraçou gostosamente o que achou e que
soube, em parte, e por natureza das coisas, ser verdadeiro. Que fez tudo por
amor.
Conheço
alguém que acredita na vida. Na beleza da respiração e na perfeita sincronia do
caos. Sei de alguém que torce pelo certo. Que se apega dolorosamente a um
profundo conceito de lealdade.
Sei
desse homem que simplesmente não sabia. Que não lhe esperava. Que não podia
saber. E ele ora pelo que é certo e pede sempre uma cura para um coração
afetado pela imagem de tantas fotografias.
Sei
de alguém que não se duplica, mas reconhece e aceita o poder misterioso das
profundezas humanas; e que se deixa saber que deseja, e que se diz não, com
força e sobremaneira.
Sei
de alguém que fala assim, misteriosamente, e que chora por não ter o direito de
com simplicidade sobre todo o seu amor falar. E que se contenta com as artimanhas
da vida, que se lhe fez uma, duas vezes pode tentar.
Sei
de alguém. Conheço-o tão bem que lhe sinto as dores.
(Gooldemberg
Saraiva)