Henry Miller é meu escritor preferido. Reservarei então um espaço para seus textos. Desta maneira o amigo, leitor destas reminiscências, terá a oportunidade de conhecer um pouco do universo de Miller...
"A gente passa imperceptivelmente de uma cena, de uma idade, de uma vida para outra. De repente, descendo por uma rua, seja realidade ou sonho, a gente percebe pela primeira vez que os anos correram, que tudo isso passou para sempre e só viverá na memória; e depois a memória vira-se para dentro com estranho e pegajoso brilho e a gente passa por essas cenas e incidentes perpetuamente, em sonho e devaneio, quando está andando na rua, quando está deitado com uma mulher, quando está lendo um livro, quando está falando com um estranho..."
"Os sonhadores sonham do pescoço para cima, com os corpos seguramente amarrados na cadeira elétrica. Imaginar um mundo novo é vivê-lo diariamente, cada pensamento, cada olhar, cada passo, cada gesto matando e criando de novo, com a morte sempre um passo à frente. Cuspir no passado não é bastante, proclamar o futuro não é bastante. A gente precisa agir como se o passado estivesse morto e o futuro fosse irrealizável. A gente precisa agir como se o próximo passo fosse o último, o que ele é. Cada passo à frente é o último e com ele um mundo morre, inclusive o eu da gente. Somos aqui da terra para nunca acabar, o passado nunca cessando, o futuro nunca começando, o presente nunca acabando. O mundo do nunca-nunca que seguramos em nossas mãos e vemos, mas que não somos nós mesmos. Nós somos o que nunca é concluído, nunca é modelado para ser reconhecido, tudo que existe mas que não é o todo, as partes sendo tão maiores que o todo que só Deus, o matemático, pode imaginá-lo."
(Henry Miller em Primavera Negra)
Um comentário:
Finalmente alguém colocou Miller no lugar de lhe é de direito. No de criador do próprio futuro. Além do bon vivant de Paris é um homem que quer fazer parte da sua história. Ser senhor de si. Também é meu escritor favorito!!!
Sempre Alegre e Vivo!
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