quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Parte 41 – Quadragésimo Primeiro Contato



            Ainda bem. Mas precisa acreditar, as coisas não são simples como eu gostaria ou como você acredita ser. A mera possibilidade de poder fazer estas cartas chegarem até você já é algo extraordinário. Preciso fazer uma confissão. Talvez já tenha percebido antes. Durante todo este tempo, não consegui encontrar uma maneira de tornar essa experiência algo concreto. Tenho medo. Não se espante. Sei que durante a maior parte do tempo, foi exatamente sobre o medo o enfoque das minhas palavras dirigidas a você. Mesmo sabendo e, melhor do que ninguém, eu sei, que o medo pouco significa para você. Não precisa ficar preocupado. Alguns sentimentos aparecem com o tempo. E a idade. O fato de eu sentir medo, não significa que depois de tantos anos você se tornará um cagão. Desculpe o linguajar, não costumo falar assim. Estou um pouco irritado. Deve ser isso.
            Fico me perguntando até onde minhas palavras podem interferir em suas decisões. Ou pior, em suas atitudes. Já imaginou? Alterar tudo? Estas cartas referem-se ao seu futuro. Já pensou nisso? Acontece, que seu futuro é meu passado. E verdade. Como sempre, é confuso. Mas, pense um pouco sobre isso. Eu tenho pensado muito. Como já deve estar entendendo, ainda não cheguei à uma conclusão. Talvez nunca chegue. O problema? Dependendo de como as coisas andam por aqui, fico tentado a mudar tudo por aí. Não importa. Não é culpa sua. Pelo menos, não toda. Tem sua parcela. Aceite. Não comece a choramingar.
            Não há nada errado com arrependimentos. O que está feito, não pode ser mudado não é mesmo? Não? Percebe o dilema? Com a possibilidade de estarmos em contato, muda completamente a perspectiva. Mas qual o preço? Ou melhor, as consequências. Talvez, o que precise de mudança não dependa de passado e sim de futuro.

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