Adoro boas ideias. Está bem,
quem não adora? Confesso; algumas delas gostaria que fossem minhas. É o caso de o BLOGS DO ALÉM. A ideia, pura e simplesmente, já me pareceu sensacional. Mais ainda ao
entrar em contato com os textos de Vitor Knijnik, autor do blog.
“Com periodicidade de mais ou menos uma vez por semana, um novo personagem do além baixa aqui − pode ser um grande gênio da humanidade ou um escroque completo. O critério para ser psicografado é amplo. Na verdade, basta ser famoso e ter morrido. Nem humano precisa ser. Porém, todos são retratados pelo mesmo médium que, ao contrário dos verdadeiros, intervém na forma, conteúdo e estilo − se é que há. Por isso, não fique decepcionado por qualquer declaração que algum ídolo seu possa ter enviado lá do outro lado. Saiba que ele também está descontente e lhe manda lembranças”. Vale dedicar um tempinho; ou melhor, um tempão na leitura dos inúmeros personagens retratados por Knijnik. Como exemplo, escolhi o Blog do Bruce Lee.
“Com periodicidade de mais ou menos uma vez por semana, um novo personagem do além baixa aqui − pode ser um grande gênio da humanidade ou um escroque completo. O critério para ser psicografado é amplo. Na verdade, basta ser famoso e ter morrido. Nem humano precisa ser. Porém, todos são retratados pelo mesmo médium que, ao contrário dos verdadeiros, intervém na forma, conteúdo e estilo − se é que há. Por isso, não fique decepcionado por qualquer declaração que algum ídolo seu possa ter enviado lá do outro lado. Saiba que ele também está descontente e lhe manda lembranças”. Vale dedicar um tempinho; ou melhor, um tempão na leitura dos inúmeros personagens retratados por Knijnik. Como exemplo, escolhi o Blog do Bruce Lee.
A luta continua
Sempre comparei minha
filosofia com a atividade do escultor. Este tem de retirar da pedra, do metal
ou do barro o que não é útil e trabalhar apenas com o que é essencial. Nas
lutas, vale o mesmo princípio. Para ser eficiente é preciso eliminar as firulas
e usar apenas os golpes mais diretos e certeiros. O ideal é atuar como um Rodin
(realista, impressionista) e deixar seus oponentes como Aleijadinhos (barroco,
rococó).
Por trás dos meus chutes e
pontapés havia um bocado de flexão e reflexão. Foi a partir delas que criei o
Jeet Kune Do (que em cantonês quer dizer “impressione um ocidental com esse
nome estranho e composto”). Eu percebi que as técnicas de artes marciais
estabelecidas eram muito rígidas e formais. E, mais, nenhuma delas era
autossuficiente em uma situação de luta real. Então desenvolvi o JKD, que nada
mais é do que a síntese de vários estilos: boxe, esgrima, luta livre,
jiu-jítsu, judô, tae kwon do, wing chun, chachachá e macarena. É o estilo sem
estilo, cuja ideia central é: se funcionar, tá valendo. O Jeet Kune Do é o
verdadeiro vale-tudo. É o que prega a liberdade de expressão. Até o do Tim Maia
tem mais cláusulas de exceção.
Mas por que estou aqui a me
jactar neste post já tão longo? Ora, um texto também pode ser visto como a
transmissão de uma luta. Primeiro, a narração trata de enumerar os feitos de
cada lutador de modo a aumentar a expectativa. Nos parágrafos seguintes, começa
o verdadeiro embate das ideias. Um argumento bem dado no ouvido, uma informação
chutada (sem citar a fonte), intercalados por momentos em que nada acontece e
alguns golpes baixos. Para tudo desembocar nas linhas finais, que devem
funcionar como um nocaute. Texto que ganha por pontos ninguém comenta.
Desculpe pela pequena
digressão. Conto um pouco da minha experiência como lutador e DJ Marcial para
dizer que até eu ando surpreso com o sucesso do MMA no mundo e, em especial, no
Brasil. Tenho lido muitas explicações para tal fenômeno. Alguns dizem que as
lutas de UFC são uma metáfora das relações sexuais: o esforço para obtê-las é
grande, mas o prazer pode durar poucos segundos. Outros sustentam que o século
XXI pede novos tipos de heróis. Tem gente que acha que a questão é mais simples:
não está passando nada de bom nos outros canais. Enfim, há explicações de todas
as ordens. Porém, meu palpite é outro.
O êxito do MMA no Brasil é o
futebol. Me explico. Do jeito que anda o esporte bretão no País, com Thiago
Neves e Montillo sendo tratados como supercraques, com a Seleção Nacional tendo
seus melhores jogadores na defesa, é natural que as plateias procurem outro
tipo de diversão, algo com mais combate e que dê menos sono.
O outro ingrediente de sucesso
é que o MMA também é futebol. Vejam só. Os lutadores se identificam com seus
times do coração e comemoram vitórias enrolados em bandeiras e beijando os
distintivos. Uma edição do UFC está programada para acontecer no Estádio do
Morumbi. O narrador das lutas agora é o Galvão, a voz oficial das quatro
linhas.
Não tem escapatória. Por mais
que essa modalidade cresça no Brasil, o paradigma será sempre o futebol. Pode
apostar. Em breve, uma luta fora do ringue será chamada de pelada, socos
laterais de escanteio e chute nas partes de falta para expulsão.
Não vejo nada de mau nisso.
Pelo contrário. É um sonho ver as artes marciais ganharem tanto destaque e
entrarem definitivamente para as conversas e o dia a dia das pessoas. O que me
preocupa são os atletas de fim de semana. Se eles já se machucavam correndo
atrás de uma bola, imagine praticando MMA
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