“Talvez, alguns de vocês, tenham
algo que gostariam de fazer. E vocês disseram não, mesmo tendo suas dívidas
pagas. Quem tem direito de lhe dizer isso? Quem? Ninguém! É seu direito ouvir
seu coração! E ninguém tem o direito de dizer não. Depois de você ganhar o
direito de estar onde você quer estar, e de fazer o que fazer o que você quer
fazer... Agora, se você sabe o que vale a pena, então vá e receba o que vale a
pena para você. Agora, você precisa estar disposto a receber os golpes...”
Do dicionário... Reminiscência: a capacidade de reter na memória. Aquilo que fica na memória. Lembrança vaga.
terça-feira, 26 de junho de 2012
terça-feira, 19 de junho de 2012
Era uma vez um pássaro
"A vida é uma peça de teatro que
não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente,
antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos".
(Charles Chaplin)
Era
uma vez um pássaro. Adornado com um par de asas perfeitas e plumas reluzentes,
coloridas e maravilhosas. Enfim, um animal feito para voar livre e solto no
céu, e alegrar quem o observasse.
Um
dia, uma mulher viu o pássaro e apaixonou-se por ele. Ficou a olhar o seu voo
com a boca aberta de espanto, o coração batendo mais rapidamente, os olhos
brilhando de emoção. Convidou-o para voar com ela, e os dois viajaram pelo céu
em completa harmonia. Ela admirava, venerava, celebrava o pássaro.
Mas
então pensou: talvez ele queira conhecer algumas montanhas distantes! E a
mulher sentiu medo. Medo de nunca mais sentir aquilo com outro pássaro. E
sentiu inveja, inveja da capacidade de voar do pássaro.
E
sentiu-se sozinha.
E
pensou: “Vou montar uma armadilha. Da próxima vez que o pássaro surgir, ele não
partirá mais”.
O
pássaro que também estava apaixonado, voltou no dia seguinte, caiu na
armadilha, e foi preso na gaiola.
Todos
os dias ela olhava o pássaro. Ali estava o objeto da sua paixão, e ela
mostrava-o às suas amigas, que comentavam: “Mas tu és uma pessoa que tem tudo”.
Entretanto, uma estranha transformação começou a processar-se: como tinha o
pássaro, e já não precisava de o conquistar, foi perdendo o interesse. O
pássaro, sem poder voar e exprimir o sentido da sua vida, foi definhando,
perdendo o brilho, ficou feio – e a mulher já não lhe prestava atenção, apenas
prestava atenção à maneira como o alimentava e como cuidava da sua gaiola.
Um
belo dia, o pássaro morreu. Ela ficou profundamente triste, e passava a vida a
pensar nele. Mas não se lembrava da gaiola, recordava apenas o dia em que o
vira pela primeira vez, voando contente entre as nuvens.
(do blog Simples coisas davida)
domingo, 17 de junho de 2012
Parte 31 – Trigésimo primeiro contato
MAIS UMA CARTA.
decisão: comecei
a escrever. Comecei estas cartas. E ainda falando sobre tempo, o autor do livro
que estou lendo neste no momento, afirma que é “ridículo o esforço vão do homem de capturar o que não podia ser
capturado, essa força absoluta, miserável e indomável que é o tempo.”
Desculpe, não citarei o autor. Não sei quais seriam as consequências ao revelar
algo desta natureza. Para você e mesmo para ele, o livro ainda não existe. Minha
decisão não se relaciona com a vontade de dominar o tempo. A questão não é
esta. Apenas estou escrevendo. E acredite ou não, hoje, posso perceber
claramente os resultados e consequências desta resolução. Já você, eu não tenho
a menor ideia. Desculpe a franqueza, é problema seu. Não quero ser grosseiro. Conhece-me
suficientemente bem para saber que sou bastante direto. Não irá ficar melindrado
por isso. Tenho certeza.
Um dia destes alguém me perguntou: qual era o objetivo de falar com alguém que
não existe mais? Sim; você não existe mais. Não fique chocado. Sou o
culpado. Eu ocupei seu lugar. A questão é: realmente não existe? Não sei dizer
qual seria o objetivo. Talvez não precise de um. O passado está sempre presente.
Não importa o futuro. Esta pessoa, ainda completou dizendo: o Emerson de hoje, fez muitas escolhas e
mudou muito em virtude delas. Ela tem razão. Não há dúvidas. Todos nós mudamos
com nossas escolhas. Nossa vida muda (ou não) em virtude delas. Um ótimo exercício de lucidez! Ela
completou! Lucidez é uma qualidade de quem é lúcido. Claro. Não precisava
explicar. De qualquer maneira, lúcido é quem tem uma visão clara da realidade. Realidade?
Percebe o problema? Realmente precisamos de um pouco de exercício de lucidez.
Ou melhor, eu preciso. Você não. Pelo menos, não neste momento. Apenas
aproveite. Tudo.
UM GRANDE ABRAÇO.
domingo, 10 de junho de 2012
Outra vez Clarice...
"Sempre
que houver alternativas tenha cuidado. Não opte pelo conveniente, pelo
confortável, pelo respeitável, pelo socialmente aceitável, pelo honroso. Opte
pelo que faz o seu coração vibrar. Opte pelo que gostaria de fazer, apesar de
todas as consequências." (Osho)
Não
pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de
vida e continuar a mesma. Até cortar os defeitos pode ser perigoso - nunca se
sabe qual o defeito que sustenta nosso edifício inteiro. Há certos momentos em
que o primeiro dever a realizar é em relação a si mesmo. Quase quatro anos me
transformaram muito. Do momento em que me resignei, perdi toda a vivacidade e
todo interesse pelas coisas. Você já viu como um touro castrado se transforma
em boi. Assim fiquei eu... Para me adaptar ao que era inadaptável, para vencer
minhas repulsas e meus sonhos, tive que cortar meus grilhões - cortei em mim a
forma que poderia fazer mal aos outros e a mim. E com isso cortei também a
minha força. Ouça: respeite mesmo o que é ruim em você, sobretudo o que imagina
que é ruim em você - não copie uma pessoa ideal, copie você mesma - é esse seu
único meio de viver. Juro por Deus que, se houvesse um céu, uma pessoa que se
sacrificou por covardia ia ser punida e iria para um inferno qualquer. Se é que
uma vida morna não é ser punida por essa mesma mornidão. Pegue para você o que
lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo o que sua vida exige. Parece uma vida
amoral. Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesma.
Gostaria mesmo que você me visse e assistisse minha vida sem eu saber. Ver o
que pode suceder quando se pactua com a comodidade da alma.
Clarice Lispector
sexta-feira, 8 de junho de 2012
O Retorno de Merlim
A ideia veio de uma mania
minha. Quem me conhece sabe que não apenas sou um leitor inveterado como também
possuo muitos livros. Invariavelmente tenho como costume abrir um livro em uma
página qualquer e ler o seu conteúdo. Não me pergunte a razão. Não existe nenhuma.
Por motivos óbvios, adotarei
sempre a página 72 de qualquer livro para transcrever seu conteúdo aqui no
blog.. Talvez a ideia não seja das melhores, mas vamos ver para onde ela nos
levará. Não escolherei o conteúdo. Pegarei um livro e abrirei na página 72. Simples
assim. Vejamos o que acontece.
Do
livro: O retorno de Merlim de Deepak Chopra
- Passei por um mau momento –
disse o velho, olhando para cima – você nem pode imaginar. – Ele estendera seu
suéter folgado no chão para sentar em cima dele, de modo a não ficar enlameado.
A mão de Artur começou a tremer, fazendo com que a luz dançasse para lá e para
cá. O poderoso feixe iluminou a barba do velho, ao passar por ela.
O velho sacudiu a cabeça.
- Estão todos com medo majestade.
– Ele não deu um intervalo para esperar a reação de Artur, mas continuava a
murmurar, como se fosse consigo mesmo. – Parece que perdi a rainha, e ficar
perambulando pelo limbo não é nenhum piquenique, se este for o destino dela. Já
que foi meu discípulo, foi mais fácil achar você. Mas levou tempo, levou tempo.
Ah, meu Deus. Artur tentou
gritar. Mas sua boca secara – tinha a impressão que asas de traça enchiam sua
boca.
- Você está vivo – sussurrou ele.
- Bem, sim e não – disse o velho
pensativamente. – Será que temos tempo para discutir isso nesse momento? – Os pés
de Artur pareciam insensíveis e pesados. Ele não conseguia se afastar; não
encontrava em si o desejo de se mexer, em absoluto. O velho parecia cansado.
- É muito chato dizer, devo
dizer, vê-lo aí me olhando boquiaberto. Você sabia que voltaria; sabia que eu
estaria lá. O plano funcionou bem. Por que encenar um melodrama? – Ele levantou
a mão num gesto de chamamento.
Como uma marionete bem
comportada, as pernas de Artur começaram a carregá-lo ladeira abaixo. Sentiu um
punho que apertava seu coração, e os sons só chegavam ao seu cérebro como se
tivessem de atravessar uma peluda espessura. Tem gente que morre assim de
choque, pensou ele.
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