terça-feira, 29 de janeiro de 2013

To - Edgar Allan Poe



"Esse meu ficar parado na dourada
Fronteira do escancarado portão dos sonhos,
Observando, em transe, a vista deslumbrante abaixo..."

Já não faz muito tempo, que o autor dessas linhas,
No louco orgulho de intelectualidade,
Manteve "o poder das palavras" - negava que
Um pensamento vinha ao cérebro humano
Além da declaração da língua humana:
E agora, como zombando daquele elogio de si,
Duas palavras - dois doces dissílabos estrangeiros -
Tons italianos, feitos para serem sempre murmurados
Por anjos dormindo no, sempre iluminado pela lua, "orvalho
Pendurado como colar de pérolas em Hermon Hill,"-
Se moveram para fora dos abismos do seu coração,
Palavras quase impensadas, mas que são a alma do pensamento,
Mais rico, bem mais selvagem, visões bem mais divinas
Que mesmo o serafim de harpa, Israfael
(Que tem "a mais doce voz de todas as criaturas de Deus")
Teria querido declarar. E eu! Meus feitiços se quebraram.
A caneta se deixa cair impotente da minha mão imobilizada.
Com teu doce nome por texto, apesar de comandado por ti,
Não posso escrever - Não posso falar ou pensar -
Ei-lo! Não posso sentir; Pois não é sentimento,
Esse meu ficar parado na dourada
Fronteira do escancarado portão dos sonhos,
Observando, em transe, a vista deslumbrante abaixo
E emocionante como vejo, à direita,
À esquerda,e por todo lugar,
Por entre vapores sem importância, longe
Para onde a busca termina - apenas você.

(Traduzido por Cristiano Gomes)

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