Você não sabe. Também não tenho a
resposta. Como poderia? Aliás, que fique bem claro: o que menos possuo são
respostas. A esta altura já deveria estar ciente.
Falar em
felicidade é mais complicado do que parece. Não vou recorrer à filosofia. Você
pode acreditar que sou um filósofo e consequentemente seria este seu destino.
Estou gargalhando com a ideia. Asseguro-lhe não ser o caso.
Porém,
confesso ficar tentado em enveredar pelo significado de eudaimonia ou ainda
pelas teorias de Demócrito de Abdera. Vou conter-me. A felicidade está em cada
dia. Simples assim. Sem muito mistério. Lembrei-me de um filme. Já sabe, não
vou revelar. Trata-se de um filme extraordinário. Ao final, a personagem deixa uma
lição importante ao dizer que “... no final, acho que aprendi a lição final das
minhas viagens no tempo. A verdade é que não volto mais no tempo, nem por um
dia. Tento viver cada dia como se eu tivesse voltado para esse dia para
curti-lo como se fosse o dia final da minha extraordinária e simples vida.
Todos nós viajamos juntos pelo tempo; todos os dias das nossas vidas. Só
podemos fazer o nosso melhor para aproveitar este passeio surpreendente”. Como
pôde ver, não é necessário recorrer à filosofia.
Para falar da
felicidade poderia simplesmente recorrer à arte. Aprendi esta semana na aula de
um grande amigo uma frase de Ferreira Gular: “A arte existe, porque a vida não
basta”. Ótimo não é? Poderia então mostrar-lhe Le Moulin de La Gallete de Renoir.
Não seria suficiente? Tocar-lhe I Solisti Veneti de Vivaldi? Por falar em
música clássica, temos nossas recordações não é mesmo? E não seriam elas um bom
exemplo? Será que poderia fazer o favor de guardar aquela fita? Então,
verdadeiramente só podemos fazer o nosso melhor para aproveitar este passeio
surpreendente...
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