quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Para o Emerson - Raul Claudio Batista




Encontrei este texto esquecido no blog “O contador de histórias”. O blog era do meu pai. Será sempre. O título do texto: Para o Emerson. Não preciso fazer comentários. Vou fazer correndo o que ele pediu...
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 Quando você me olhava com aqueles olhinhos verdes, não me largava de jeito nenhum, pude pela primeira vez descobrir o sentimento desconhecido de uma criança. Amar sem saber o que era aquilo. O teu sentimento foi sempre sincero, sem haver fragmentos, por muitos anos até sentir o que eu sentia naquele tempo. Hoje você é pai e entende o que estou dizendo. Olhe bem nos olhos de seu filho para lembrar o amor mais puro do mundo: O amor puro e incorruptível de uma criança. Aproveite o tempo presente porque o amor de seu filho em um futuro bem próximo vai ser dividido em muitas partes. O nosso, de pai, será sempre o mesmo, honesto e intenso, mas as vicissitudes da vida atrapalharão muito nosso relacionamento e jamais você receberá novamente o amor puro de seu filho. Você sempre me deu felicidade, jamais me abandonou e me ama acanhadamente bem do seu jeitão que eu adoro. Te amo.

Raul Claudio Baptista

domingo, 15 de setembro de 2013

Arché

 
“Apenas quando somos instruídos pela realidade é que podemos mudá-la”. (Bertolt Brecht)
 
Anaximandro acreditava que a realidade é eterna, infinita e indeterminada. Sem fronteiras. Arché. Antes de continuar; você deve estar se perguntando: quem é Anaximandro (610 e 547 a. C.)? Geógrafo, matemático, astrônomo, político e filósofo pré-socrático. Um filósofo! Você já devia ter imaginado. Onde eu estava? Ah sim! Para os filósofos, a arché é o princípio; a realidade fundamental, aquilo de que provêm todas as outras coisas; o gênesis. Mais filosofia. Eu sei. Paciência. Se ele estava ou não certo? Esse é outro problema.
A realidade fundamental! Então, o que é realidade? De acordo com o que li por ai, o cérebro é responsável pela nossa percepção do real. Resultado das informações advindas dos nossos sentidos. Alguns cientistas defendem a ideia de que nossa forma de ver o mundo deturpa os conceitos do que é real e do que não é. Para simplificar: ilusão. Começo a concordar com Shakespeare quando ele afirmou: “Choramos ao nascer porque chegamos a este imenso cenário de dementes”. A realidade parece ser confusa demais. Talvez seja verdade. Alguém arriscaria dizer o contrário? Está bem, se ninguém vai... Falo eu! Não há mistério. Não se iluda! Nunca. O real e o concreto estão aí; bem na nossa frente. O resto é desculpa. E o melhor que pode fazer por você é parar de se desculpar. Acredite. Tanta filosofia para duas linhas de conclusão. Com certeza, devo ser um dos dementes...
Para terminar citarei Fernando Pessoa. Não encontraria palavras melhores do que o poeta e escritor português: “O meu passado é tudo quanto não consegui ser...”. “A vida é para nós o que concebemos dela. Para o rústico cujo campo lhe é tudo, esse campo é um império. Para o César cujo império lhe ainda é pouco, esse império é um campo. O pobre possui um império; o grande possui um campo. Na verdade, não possuímos mais que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas veem, temos que fundamentar a realidade da nossa vida (...)”. Eu sei. Leia novamente. Arché.

domingo, 18 de agosto de 2013

Sherlock...



Sou um Sherlockiano. Pode parecer bobo, mas assumo esta condição. Sherlock Holmes foi qualificado como uma das três personalidades mais conhecidas do mundo. “Ele é a personificação de algo em nós que perdemos ou nunca tivemos.” (Edgard W. Smith). Este espaço destina-se, portanto, para alguns pensamentos, retirados do cânone, do famoso detetive.
 “Quando você elimina o impossível, o que restar, não importa o quão improvável, deve ser a verdade”.




sábado, 10 de agosto de 2013

Por hora...


Eu sei, há tempos não escrevo. Sem muitas explicações, lembrei de uma frase do Richard Bach que li há anos atrás. Por hora, apenas ela é suficiente. “Coisas ruins não são o pior que pode nos acontecer. O que de pior pode nos acontecer é nada”.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Trigésimo sétimo contato

Ninguém vive o futuro antes do presente. Antes de estarmos preocupados com o fim, precisamos pensar no início. Sem o presente não há futuro.
Recentemente, escutei algo interessante em um filme. De nada adiantaria revelar-lhe o nome. Será preciso esperar. Conhece os motivos. Espero que eles já estejam incorporados em suas ações. Lembre-se: um deslize pode trazer como resultado consequências imprevisíveis. Ah! O filme! Ao final, a personagem principal diz: "Porque eu sei que há pessoas que pensam que essas coisas não acontecem. E há pessoas que se esquecem de como é ter dezesseis anos quando completam dezessete. Eu sei que um dia, serão apenas histórias. E nossas imagens vão se tornar fotografias antigas. E todos nós seremos mãe ou pai de alguém. Mas agora, esses momentos não são histórias. Isso está acontecendo. Eu estou aqui... e eu vejo isso, um momento em que você sabe que não é uma história triste. Você está vivo... E você está ouvindo essa música nessa estrada com as pessoas que mais ama nesse mundo. E nesse momento, eu juro... nós somos infinitos".
Seja infinito. Enteléquia. Outra palavra difícil. Conhece-me melhor do que ninguém. Pelo menos, até o momento. O seu momento. Enteléquia. Este é seu novo desafio. Não apenas descobrir o seu significado. Claro que não. Seria demasiadamente simples. É uma meta a qual deverá procurar alcançar. Ou, guiar sua vida nesta direção.
Não tenha medo. Ou tenha. Não importa. Ser infinito não é tão simples. Muitas vezes acreditamos viver exatamente desta maneira. Aí a vida nos ensina. Nos mostra nossa real insignificância. Revela-nos nossos medos e limites. Não é tão fácil ser infinito. Então, assim como a personagem do filme, viva intensamente. De maneira a olhar para trás e não ter nenhuma dúvida. Nenhuma. E que naquele momento, ele seja infinito. Enteléquia.

domingo, 23 de junho de 2013

Amar novamente - Adriano Cabral


 
 
"...vi na treva tudo desaparecer em silêncio, e ao sentir a iminência do fim, derramei lágrimas que lavaram todo meu orgulho e insensatez, toda minha inveja e minha ira, naquele exato momento voltei a ser criança...".
 
Descobri que sou capaz de amar novamente.
Foi na madrugada enquanto dormia desperto, tive a necessidade de abrir os olhos para contemplar a escuridão do meu quarto.
Descobri que sou capaz de amar novamente porque um dia, somente um dia, deixei de acreditar no amor. Porque, tolo, achei que ele havia me feito sofrer, mas ao acordar naquela madrugada, percebi que jamais se sofre por amor, e sim por falta dele e por causa de ilusões, estas sim, são frágeis e nos tornam fracos, no entanto, estão fadadas a desaparecer.
Naquele instante saltei da cama e saí literalmente cego a andar pelos corredores até chegar ao quarto contíguo e sem acender a luz, encontrei meu violão.
Descobri que sou capaz de amar novamente quando eu retornei ao meu quarto e na mesma escuridão, entoei uma música, estava de olhos cerrados. A canção falava de esperança, de um sol que quase sempre nasce, de lutar mesmo quando tudo parece perdido. Outra canção falava de sonhos perdidos, quimeras vazias, mas que para mim foram tão reais que pareciam preencher um certo vazio que até então acompanhava meu coração. Não sei se algum vizinho acordou irritado com a canção, só sei que apenas as vozes minha e do meu violão imperavam na treva brilhante.
Descobri que sou capaz de amar novamente, quando no meio da penumbra, embalado pela música, recordei todos os meus entes queridos de ontem, hoje e até do amanhã. Foram tantos os rostos, amigos, parentes, paixões e amores, e cada face que me fizeram viver tantas e diversas sensações desde da ventura até o desespero, no entanto ao final, não pude deixar de ver em cada um deles um sorriso e o perdão.
Descobri que sou capaz de amar novamente quando vi na treva tudo desaparecer em silêncio, e ao sentir a iminência do fim, derramei lágrimas que lavaram todo meu orgulho e insensatez, toda minha inveja e minha ira, naquele exato momento voltei a ser criança.
Descobri que sou capaz de amar novamente quando ao findar a música, escutei aplausos, assovios e vivas que ecoaram no silêncio da noite. Quando mesmo na penumbra pude saber que lá estava alguém que merece ser amada. Alguém que nem sonha o quanto eu lutarei para vê-la feliz e sentir o seu repousante abraço mas fatalmente hei de conhecer.
Descobri que sou capaz de amar novamente, porque mesmo já tendo trilhado o caminho errado, ainda tenho coragem para amar e ser amado. Porque faço parte da raça humana que ainda tem  força para sonhar e ver a incrível riqueza deste invisível que tão poucos realmente vêem e vivem.
 
Descobri que sou capaz de amar novamente, quando tive a certeza que ainda posso pular de olhos fechados, e, sem medo... voar.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

O Menestrel - William Shakespeare



Depois de algum tempo, você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
 E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la, por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
 Descobre que se levam anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.
Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto. Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve. Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.
 Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as consequências. Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.
 Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha. Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
 Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama, contudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo. Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás.
 Portanto... plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Parte 36 - Trigésimo Sexto Contato


Não se esqueça delas. “Plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!" Assim, Shakespeare termina O menestrel. É um texto incrível. Deveríamos levá-lo no bolso. Ler cada linha toda manhã. São as conclusões de vida do poeta inglês. Com o passar dos anos, também chegará às mesmas conclusões. É a vida. Nossos aprendizados são experiências acumuladas através de nossas vivências. Acredite; você possui muita força. Não se engane; não quer dizer que as coisas são fáceis. Não são. Não espere facilidade.
            Sabe o que descobri recentemente? Que palavras de nada valem. Pode parecer estranha esta conclusão para alguém que escreve tantas cartas. Afinal, palavras são tudo que tenho lhe oferecido. Mas, o que posso fazer? Perder a oportunidade? Sabe muito bem: não perderíamos uma chance por nada. Nunca. Espero que para você elas não sejam apenas linhas perdidas no tempo. Espero que possam ser transformadoras. Espero... Esperar é ter fé. Já falei isso? Acho que sim. Talvez esteja tornando-me repetitivo. A verdade é: estas cartas não podem ser apenas palavras. A atitude deve ser sua. Sem ela, esta oportunidade não terá sentido. Faça valer à pena.
            Olhe como a vida mudou para você. Muda para todo mundo. Sempre. As pessoas não têm consciência. Quando a vida nos apresenta uma oportunidade, devemos agarrar-nos a ela com toda a nossa força. A vida não perdoa. E caberá a você decidir quando deverá deixar algo para trás. Saber que é o fim. Talvez, o fim seja apenas o começo. Não sei. Ninguém sabe. Paradoxo.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Interesses - Definições


Definições não podem ser compreendidas apenas como o significado de algo. Definir pode ser muito mais complexo.  Pensando desta maneira, Adriana Falcão, roteirista e escritora brasileira, encontrou algumas definições que extrapolam as explicações encontradas nos dicionários.
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"Interesse é um ponto de exclamação ou
 de interrogação no final do sentimento".

domingo, 28 de abril de 2013

O doador - Ari Mota



Este sou eu...
O tempo certa vez me abordou... e me foi vestindo de velhice, foi recolhendo a minha configuração e os traços do meu rosto, não me permitiu esticar a meninice, nem estender a juventude.
Tocou-me, acintosamente como quem rouba a ilusão, e eu... resiliente que sou... e teimoso, não me abati de longitude,
nem morri de medo dessas lonjuras que nascem dentro do peito,
nem me perdi nestes desertos de alma,
nestas esquinas do destino... em aflição.
E para não sofrer de esquecimento, nem de descuido...
decidi doar-me.
O existir emprestou-me este corpo que me carrega, me leva por ai.
E dele nada posso doar... somente ceder para alguém... usar.
Posso conceder os braços, mas... não os abraços que dei,
posso oferecer minhas pernas, mas... não os caminhos que descobri,
posso até emprestar o meu coração, mas... nunca o que amei,
posso ceder a minha pele, o meu rosto, os meus lábios, mas...
nunca as bocas que beijei,
posso entregar as minhas mãos, mas... não posso conduzir ninguém,
nem indicar o caminho, e sozinho, terão que seguir... em solidão,
posso lhe presentear os meus olhos, mas...
nunca a fina beleza das minhas escolhas,
nem os entardeceres em contemplação.
Posso transferir cada órgão... e sem vícios... como os recebi,
mas... como envelheci,
e estou com mais tempo de esquadrinhar o meu horizonte,
a vastidão de mim...
e hoje, não posso aceitar nada que me medeia... sou ou não sou.
Eu, não posso perder do alcance a largueza da alma, da minha alma,
que vai viver outras vidas, e fazer outras tantas viagens,
e esta, é apenas uma estação das minhas tantas paragens.
Preciso arrancar este desafogo do peito, para não sofrer de ausência,
e ir embora feliz... desapertar a incomoda... sofreguidão,
e como não posso doar coisas... nem partes de mim.
Vou doar... destemor,
e o que tenho na alma...
amor.

domingo, 21 de abril de 2013

Resiliência



"Felicidade é a certeza de que a nossa vida não está passando inutilmente".
(Érico Veríssimo)

Resiliência! Talvez, seja este o segredo da felicidade. É o que os antigos gregos chamavam de eudaimonia. Para Aristóteles, defensor do eudemonismo, "A felicidade é um princípio; é para alcançá-la que realizamos todos os outros atos; ela é exatamente o gênio de nossas motivações." Em Os sentidos da felicidade Angelita Corrêa Scardua, mestre em Psicologia Social e pioneira nos estudos de Psicologia Positiva no Brasil, ensina que “mais do que um sentimento, a felicidade aristotélica está relacionada com o que uma pessoa faz de si e de sua vida, sendo uma expressão da virtude, a consequência natural de se fazer o que vale a pena ser feito”. Está bem! Pura filosofia. Não sou filósofo. Todos entendem a felicidade. E se conhecemos o segredo precisamos também entendê-lo. Resiliência!
Eu sei; reminiscências, resiliência... Não quero criar confusão. Mentira. Salvador Dali estava certo, “É preciso provocar sistematicamente confusão. Isso promove a criatividade. Tudo aquilo que é contraditório gera vida”. O pintor catalão, em sua obra mais famosa, retratou duas preocupações do ser humano: tempo e memória. O ser humano preocupa-se demais.
A física ensina que alguns materiais possuem a propriedade de acumular energia quando submetidos à determinada tensão sem gerar ruptura. A resiliência; determinada pela quantidade de energia devolvida após a deformação ocorrida depois da aplicação desta tensão. Como um elástico ou uma vara de salto em altura.
A psicologia emprestou o conceito da física para explicar resiliência como a habilidade que uma pessoa desenvolve para resistir, lidar e reagir de modo positivo em situações adversas da vida. É a capacidade do individuo de garantir sua integridade, mesmo nos momentos mais difíceis. A resiliência é o segredo da felicidade. Nada é fácil. Não espere por isso. Tudo poderia ser muito simples. Simples, mas não fácil. A resiliência está relacionada com a atitude. A biologia, psicologia, sociologia ou até mesmo a teologia, podem fornecer diferentes explicações. Parece ser possível encontrarmos sete fatores da resiliência. Não importa. Esqueça as explicações. Clarice Lispector escreveu: “Atitude é uma pequena coisa que faz uma grande diferença”. Faça a diferença. Resiliência.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Sorri - Charlie Chaplin



"Sorri, quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios

Sorri, quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador

Sorri, quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doloridos

Sorri, vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz "

(Charllie Chaplin)

sábado, 30 de março de 2013

O marajá e a colher de azeite



"Uma vida sem amor, não importa quantas outras coisas tenhamos, é uma vida vazia e sem sentido..."
(Leo Buscaglia)

Era uma vez um jovem que foi até o palácio de um marajá, na época em que os marajás eram os sábios, e perguntou a ele qual a fórmula para ser feliz e rico igual a ele. O marajá, em vez de responder, propôs um desafio ao jovem:
- Vou encher uma colher com azeite e você vai percorrer todos os cantos deste palácio, mas não deixe derramar uma gota de azeite sequer.
O jovem saiu então com a colher na mão, andando com passos pequenos, olhando fixamente para a colher e segurando com tanta força que ficou cansado. Ao voltar, orgulhoso por ter conseguido, mostra a colher ao marajá, que pergunta se ele viu os belíssimos quadros que estão nas paredes do palácio, se ele viu os jardins e as piscinas maravilhosas que estavam pelo caminho. Sem entender muito o porquê disso tudo, o jovem respondeu que não, e o marajá disse:
- Dessa forma você nunca encontrará a sabedoria. Vivendo só para cumprir suas obrigações, sem usufruir as maravilhas do mundo, você nunca será um sábio.
Em seguida, pediu para o jovem repetir a tarefa, mas que desta vez observasse tudo pelo caminho. E lá foi o rapaz com a colher na mão, olhando e se encantando com tudo. Esqueceu-se da colher e passou a observar os quadros, os jardins, os pássaros. Ao voltar, o marajá pergunta se ele viu tudo e o jovem, extasiado, diz que sim. O marajá pede que ele mostre a colher e o jovem percebe que derramou todo o conteúdo pelo caminho. E o marajá diz:
- A felicidade é conseguir aproveitar as maravilhas do mundo mas sem deixar o azeite cair da colher...

domingo, 24 de março de 2013

Ah Sherlock... Sherlock...



Sou um Sherlockiano. Pode parecer bobo, mas assumo esta condição. Sherlock Holmes foi qualificado como uma das três personalidades mais conhecidas do mundo. “Ele é a personificação de algo em nós que perdemos ou nunca tivemos.” (Edgard W. Smith). Este espaço destina-se, portanto, para alguns pensamentos, retirados do cânone, do famoso detetive.
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"Eu disse faça valer a pena. 
Quantas oportunidades preciso lhe dar?"

sábado, 16 de março de 2013

É proibido - Pablo Neruda


Entrelinha poderia ser definida como o espaço entre duas linhas. Simples. Mas nada é simples. O sentido implícito. O que não foi escrito ou falado. Então, interpretamos. E, tratando-se de interpretação, cada um tem a sua. Assim, encontre-se nas entrelinhas...
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É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.

É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,
Não transformar sonhos em realidade.

É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.

É proibido deixar os amigos
Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.

É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,
Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.

É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,
Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.

É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,
Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.

É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,
ão saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.

É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,
Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.

É proibido não buscar a felicidade,
Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.

(Pablo Neruda)

domingo, 10 de março de 2013

10 de março



(...) Homenagem não traz ninguém da volta, mas talvez ajudem a nós, os que ficamos, a curtir mais, e melhor, o que temos por perto, em lampejos de silêncio e contemplação (ato heroico na correria destes tempos loucos e fascinantes, mas a gente consegue). A morte, intrusa indesejada, sobre a qual tanto se fala, se pensa, se escreve, foi personagem de algum de meus livros e causa de algumas incuráveis dores. Ela não pede licença: sem bater, escancara num repelão porta ou janela, entra num salto, com suas vestes cheirado a mofo e seus olhos de gato no escuro. Às vezes pega quem mais amamos. E aí não tem remédio, não tem descanso, não tem nada, senão a dor – apesar da nossa natural dificuldade de lidar com ela, a dor é necessária nesses primeiros tempos. É preciso chegar ao fundo do poço escuro para pode sair dele, ou ao menos ter a cabeça à tona d’água. Presenças bondosas, conforto de alguma palavra amiga, saber que os outros estão aí, que ajudam também nas coisas práticas, nos fazem sobreviver. Mas não queiram que a gente não sofra, mesmo nessa nossa cultura do barulho e da agitação, em que no segundo dia já querem que a gente passe o batom e saia às compras. Não por maldade, mas por essa aflição que nos ataca diante do sofrimento alheio, em parte porque ele é uma ameaça à nossa vidinha bem-posta: seremos os próximos?
Mas quero homenagear um amigo querido meu, de meu marido, de minha família, que morreu há poucos dias. O nome não importa, quem o conheceu saberá. Sua idade não importa, a tristeza é sempre a mesma. Qual seria a hora certa para morrer? Minha mãe morreu aos 90 anos, há quase dez ausente deste nosso mundo, arrebatada pelo cruel Alzheimer. Fazia anos que nem me reconhecia, mas também foi duro: de repente, eu não tinha mais a quem pudesse chamar de “mãe”, e nem senti extraordinariamente órfã.
Então, na pessoa desse amigo, homenageio aqui a todos os que se foram – embora eu acredite que permaneçam, não importa como, em forma de alma, energia ou memória, o que já seria muito bom: de memórias positivas, que nos iluminem, nos emocionem ou nos façam sorrir, estamos precisados. E homenageio aqui, também, a todos nós que ficamos com a singular tarefa de preservar, no coração e no pensamento, esses que aparentemente perdemos, e de aos poucos retomar a vida – como os mortos gostariam que a gente fizesse. Pois igualmente acredito, com firmeza, que é melhor deixar que os mortos morram (quem viveu isso entende) No começo do luto “tudo é horrível”, dizia uma velha amiga, que havia muitos anos tinha perdido um filho, “mas com o tempo dói menos”.
E afinal a vida chama, ainda que no início isso nos pareça um insulto. Pois honrando a vida também estamos honrando os nosso mortos, que, na nossa lembrança não mais crispada, na nossa melancolia não mais indignada, na integração de seus atos e palavras em nós, no que temos de melhor, continuarão vivos. Em última análise, apesar de todo o dilaceramento, solidão e lágrimas, a morte (que não é fim, mas transformação), estranhamente, loucamente, tem um poderio limitado: seu dedo cruel e ossudo não consegue encontrar a tecla com que deletar nosso melhores afetos. (LYA LUFT)

domingo, 3 de março de 2013

Fauja Singh




“O que verdadeiramente somos 
é aquilo que o impossível cria em nós”. (Clarice Lispector)

Reza a lenda que no ano de 490 a. C., Filípedes, soldado grego liderado pelo general Milcíades, foi enviado à Atenas para levar a notícia da vitória contra os persas às esposas dos soldados atenienses. Após percorrer cerca dos 42 km que separavam as planícies de Marathónas a Atenas, o jovem soldado, extenuado, conseguiu ao chegar, dizer apenas “vencemos” e então caiu morto.

Cerca de 25 séculos depois do feito de Filípedes, uma multidão de jornalistas, familiares, amigos e simpatizantes estavam aguardando Fauja Singh. O homem de cem anos que entrou para a história da maratona após 8 horas, como o homem mais velho do mundo a completar uma prova de 42km. Sim! Cem anos!
Após perder as duas pessoas que mais amava, decidiu viver com o seu outro filho, que vivia no Reino Unido. Sua vida mudou. Para combater a depressão e o isolamento num país onde não conhecia nada, nem ninguém, Fauja começou a correr. E quis o destino que, acidentalmente, cruzasse com um antigo campeão olímpico que decidiu treiná-lo. Após o feito, indagado sobre como conseguia correr com essa idade, Singh disse: “Dou um passo de cada vez”.
Diz os textos judaicos: “O milagre não prova o impossível; serve, apenas, como confirmação do que é possível”. Talvez aí se encontre a grande lição de Fauja Singh. Para dar um passo de cada vez, é preciso dar o primeiro passo. Iniciativa, ousadia, coragem, decisão. Atitude. No filme Compramos um zoológico, baseado nas memórias de Benjamin Mee, escutei a seguinte frase: “Sabe, às vezes tudo que você precisa é de vinte segundos de coragem extrema. Sério, vinte segundos de bravura vergonhosa. E eu te juro que algo ótimo vai acontecer”.
Victor Hugo tinha razão, “Chega sempre a hora em que não basta apenas protestar: após a filosofia, a ação é indispensável”. Mova-se!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Parte 35 – Trigésimo quinto contato



Feche os olhos. Não. Fechar é muito tempo. Apenas pisque. Uma fração de segundos. Assim é a vida. Não à toa, diz o ditado que ela passa em um piscar de olhos. Pausa. Déjà vu. O início deste parágrafo lembrou-me algo que escrevi há pouco tempo. Não tem importância para você. Mesmo para mim, já está ficando para trás. Desculpe. Vou continuar. A vida passa muito rápido. Ser consciente desse fato não é suficiente. Ficar preocupado não é suficiente. O que é preciso fazer? Bem, como sempre, não tenho respostas prontas. Descubra. E rápido! Leve consigo uma certeza: não deve temer a passagem do tempo. É inevitável. Deve temer levar em seus dias o arrependimento de não aproveitá-lo. Li um dia destes, não recordo o autor, a seguinte frase: “é fato que nem sempre o mar vos será propício e o melhor vento enfunará as vossas velas. Mas é vosso o direito de reposicioná-las, e redefinir o vosso curso”. Não espere facilidades. Dizem que elas nos impedem de caminhar. Então, siga em frente. Sempre.
            Como já percebeu, minhas últimas cartas possui um tema recorrente. Não é por acaso. Acredite. Já ouviu dizer que nada é por acaso? Calma. Eu sei; você não acredita nisso. Não vamos falar sobre isso agora. Temos muito tempo. Ou melhor; você possui muito tempo. Você é jovem. Posso garantir: envelhecer trás algumas certezas. Ou melhor, muitas. William Shakespeare, com muita propriedade escreveu sobre elas. Tenho mais um desafio para você. Não terá dificuldades, espero. Um pequeno trecho do texto do dramaturgo inglês: “e começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança”. Encontre-o. Leia com cuidado. Mais de uma vez. Reflita. E o mais importante; guarde cada palavra.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Um Pedaço de Você - por Paulo Roberto Gaefke


Entrelinha poderia ser definida como o espaço entre duas linhas. Simples. Mas nada é simples. O sentido implícito. O que não foi escrito ou falado. Então, interpretamos. E, tratando-se de interpretação, cada um tem a sua. Assim, encontre-se nas entrelinhas...
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"A vida pede atitude em cada instante, 
e passa por cima de quem se cala, de quem aceita, 
de quem acredita que tudo está irremediavelmente perdido..."

Um pedaço de você já ficou no tempo, quando você deixou de ler um bom livro, quando não acreditou naquele amigo…
Quando não aproveitou aquele instante para falar de amor, quando não abraçou seu pai e nem beijou a mãe. Um pedaço de você se perdeu na curva, quando abandonou o seu sonho sem tentar, quando aceitou trabalhar onde não gostava, quando fazia o que não suportava…
Quando disse sim, quando queria dizer não, quando deixou o amor morrer antes de nascer, por medo de sofrer…
Um pedaço de você ficou parado, quando você não quis fazer um novo percurso, quando se conformou com o velho, quando ficou parado vendo o povo correr…
Quando votou em branco, se podia escolher, quando não apareceu quando era esperado.
A vida pede atitude em cada instante, e passa por cima de quem se cala, de quem aceita, de quem acredita que tudo está irremediavelmente perdido.
A vida desacata quem não se aceita, humilha quem não se valoriza, ensina com amor os que amam sem medidas, ensina com dor, os que fogem das lições…
Um pedaço de você quer tudo, outro quer se esconder. Assim, cabe a você, só a você, dosar ansiedade e apatia, ter um tempo para criar e outro para executar…
Falar e ouvir, ensinar e aprender, caminhar e correr… Amar e ser amado, falar baixo e gritar.
Ter um tempo para refletir… Só não vale cruzar os braços! Só não vale não ser você! Só não vale esquecer: Que nada é mais importante que você...
(Paulo Roberto Gaefke)

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Certeza - por Adriana Falcão



Definições não podem ser compreendidas apenas como o significado de algo. Definir pode ser muito mais complexo.  Pensando desta maneira, Adriana Falcão, roteirista e escritora brasileira, encontrou algumas definições que extrapolam as explicações encontradas nos dicionários.

"Certeza é quando a ideia cansa de procurar e para". 

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Quase - Sarah Westphal



"Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, 
nas chances que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão 
do papel por essa maldita mania de viver no outono".

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.

É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.

Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.

Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.

A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.

Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.

O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.

Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.

De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.

Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.

Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

(O texto já foi atribuído a Luís Fernando Veríssimo. Em sua coluna do dia 31 de março de 2005 do jornal O Globo, ele mesmo diz ser o texto de autoria de Sarah Westphal Batista da Silva).

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Roda da Fortuna



“Creio que quase sempre é
preciso um golpe de loucura para se construir um destino”.
 (Marguerite Yourcenar)

No livro Os sete pilares da sabedoria, cito ele mais uma vez, é dito a Lawrence: “Para alguns homens na está escrito a menos que eles escrevam...” Já utilizei esta frase em meus textos. O leitor mais assíduo deverá reconhecê-la. Na verdade, não apenas em meus textos. Está em minha essência.
A frase é proferida à Lawrence quando ele recusa-se a aceitar o que os árabes chamam de Maktub. Está escrito. Não penso ser necessário recorrer à Roda da Fortuna e às três irmãs Moiras da mitologia grega para conhecer nosso destino.
Acreditar em uma sucessão de acontecimentos relacionados a uma determinada ordem cósmica, da qual nada pode fugir, não muda, absolutamente, nossas decisões. Pelo menos, não deveria. O perigo está em utilizar essa crença como quintessência de nossos atos. Nessa, estou com Aristóteles: "O que está além de nossa experiência sensível não pode ser nada para nós".
Espere. Não estou dizendo que não acredito. Também não falei que sim. Minhas crenças pouco importam. Na verdade, pouco importa também se o destino existe ou não. A pergunta é: Se o destino existe e você acredita nele, deverá cruzar os braços? Como sempre, vou citar Miller: “O destino de alguém não é nunca um lugar, mas uma nova forma de olhar as coisas”. Maktub.